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Postado em 22 de November por Eu Vou de Bike

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Amsterdã, capital mundial da bicicleta

A Holanda é um dos países mais povoados do mundo, com mais de 450 habitantes por quilômetro quadrado! Imagine se o sistema de transporte deste país fosse baseado em veículos motores, ou principalmente em automóveis, como acontece aqui no Brasil. Certamente eles já teriam chegado a um enorme colapso de trânsito, sem contar a questão ambiental!

Mas por que eles não tiveram um “apagão viário”? Porque há muitos anos, a Holanda, e mais especificamente a capital Amsterdã, concentram seu sistema de transporte nas bicicletas, uma das maiores invenções da humanidade.

Sendo a Holanda ainda um país de baixa altitude, sem grandes relevos, com políticas de incentivo governamentais para o uso da bicicleta bastante consistentes, bem como com uma situação na qual um holandês típico não mora a mais de 6 ou 7 quilômetros de seu trabalho e/ou escola, ao longo do tempo foi-se formando uma verdadeira “ciclocivilização”. Já imaginou?

Hoje, praticamente metade da população de Amsterdã realiza seus deslocamentos com uma bicicleta. Sim, você leu corretamente: 50% da população! São mais de 20 mil quilômetros de ciclovias espalhadas pelo país. Para se ter uma idéia, o estacionamento de bicicletas da Estação Central de Amsterdã comporta mais de 8 mil delas!

O Brasil, por sua vez, com o seu território continental (o quinto maior país do mundo), tem menos de mil quilômetros de ciclovias. E, para efeito de comparação, o tamanho da Holanda é de quase o dobro do Estado do Sergipe, que é um dos menores do País.

Com tudo isto, o mercado de locação de bicicletas na Holanda é muito grande, sendo que somente uma destas empresas chega a mais de 5.000 aluguéis diários. Geralmente, as bicicletas são vermelhas e amarelas, e estão presentes em quase todos os locais, com grande possibilidade de comutação com outros meios de transporte, tais como trens, metros, ônibus, e até mesmo balsas. Estes aluguéis tem um preço médio de 8 euros, e muitas vezes são válidos para mais de um dia. E esta modalidade também é uma forma bastante utilizada e interessante de se fazer um “tour” pela cidade, conhecendo, por exemplo, os mais 160 canais interconectados por centenas de pontes, que formam uma paisagem única e pitoresca. Este passeio também é bem facilitado pelo “desenho” da cidade, que é plana e circular.

E a “palavra de ordem” destes deslocamentos são as chamadas “vias compartilhadas”, onde as bicicletas dividem espaço com carros, motos, pedestres e meios de transporte público, num equilíbrio harmônico e organizado, apesar da aparência caótica.

Recentemente postamos por aqui um vídeo que mostra a “hora do rush” em Amsterdã. E pensar que o uso diário da bicicleta como meio de transporte urbano é ainda mais visível nas cidades menores que Amsterdã, como Groningen. Ali, mais de 60% das pessoas fazem suas jornadas de bicicleta. Ela é famosa por ser uma cidade universitária, com 200 km de ciclovias numa região menor do que a cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. Mesmo quando acaba o asfalto vermelho – cor típica das ciclovias holandesas – as ruas ou avenidas possuem faixas para os ciclistas, as chamadas “bike lanes”, muito comuns na cidade de Londres. As vias também são equipadas com semáforos especiais para quem pedala. Coisa parecida por aqui pode ser observada na cidade de Santos. Porém Santos possui apenas 10% (20 km) da malha cicloviária desta cidade holandesa.

Lógico que todo este movimento se baseia em muita educação e civismo e foi formado culturalmente ao longo de muitos anos! Para termos uma idéia, as bicicletas seguem leis de trânsito próprias e existem até multas para quem desrespeitá-las, que custam em média 23 euros, e que são pagas no ato da infração. Para não sermos pegos de surpresa quando estivermos pedalando por lá, devemos:

1 – Seguir os semáforos e sinalizações específicas para bicicleta;
2 – Efetuar ultrapassagens sempre pela esquerda;
3 – Indicar com os braços o sentido para o qual vai virar;
4 – Andar com ao menos dois equipamentos obrigatórios, que são luzes sinalizadoras e buzina;
5 – Não levar passageiros no bagageiro;
6 – E sempre usar cadeado ao estacionar. (Infelizmente, nem tudo são flores…O furto de bicicletas é uma atividade bastante recorrente e lucrativa, e que alimenta um grande “mercado negro” de bikes.)

Aqui no Brasil estamos muito distantes desta realidade, por vários motivos. E, por incrível que pareça, um dos maiores ainda é o preconceito contra as bicicletas e seus usuários. De uma maneira geral, bicicleta como meio de transporte ainda é considerada como “coisa de gente desfavorecida financeiramente”! E nós já ouvimos isto até de autoridades respeitadas de nosso país! Pode?

E esta realidade não é exclusiva do Brasil, não. Numa mini-entrevista dada à revista “UM”, o expert em transportes sustentáveis Pascal van den Noort, diretor-executivo de operações do Velo Mondial e membro ativo do Velo.Info, entidade responsável pela regulamentação e implantação de sistemas cicloviários em todo o planeta, disse que “para deixar a bicicleta um meio de transporte mais atrativo para todos, temos que fazer a bicicleta ser glamourosa”.

Por aqui, um dos nossos objetivos é ser um portal colaborativo para promover a inclusão do ciclismo nos grandes centros urbanos. E com certeza, com a nossa união e mobilização, juntamente com o poder e alcance da internet, nós podemos sensibilizar a população e as autoridades para quem sabe, num futuro próximo, podermos escrever sobre algumas cidades brasileiras assim como escrevemos hoje sobre Amsterdã. Quem topa este desafio?

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