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Testamos o Bike Sampa: veja como funciona!
Já faz um tempo que estamos falando sobre o novo sistema de aluguel de bicicletas em SP, batizado de ‘Bike Sampa‘. Para mais informações sobre estações e outras características do sistema, clique aqui.
Na última semana, finalmente tivemos a oportunidade de testar o sistema do Bike Sampa por completo. Inicialmente é necessário realizar via internet ou pelo celular um cadastro prévio, que além dos dados habituais, irá solicitar um número de cartão de crédito e um débito inicial de R$ 10 neste cartão, para habilitar seu “passe”.
Após esta operação, nos dirigimos a uma das estações de aluguel, no caso a estação 2, da Cinemateca (veja o mapa), e iniciamos o aluguel propriamente dito, via aplicativo no smartphone. É possível também o desbloqueio via celular. As instruções no site são bem claras e práticas, tanto para uma modalidade quanto para outra.
Na primeira tentativa, o aplicativo funcionou perfeitamente porém a bike escolhida não foi liberada pelo sistema. Na segunda tentativa, o sistema funcionou, a luzinha verde do bicicletário acendeu e a bike foi liberada. Tudo via web, sendo que a estação de aluguel, aparentemente, é toda alimentada via energia solar. Ponto pro Bike Sampa!
A bicicleta
A “laranjinha” é bem legal! Simples, como uma bike com esta finalidade deve ser, porém com alguns requintes até “exagerados” para uma bike compartilhada, tais como câmbio interno Shimano Nexus de três velocidades. A escolha deste sistema de transmissão favorece muito a manutenção, porém, com as ladeiras que temos em nossa cidade, talvez alguns sentirão falta de mais marchas, principalmente as mais leves…
A bicicleta tem ainda paralamas dianteiro e traseiro, uma geometria neutra e voltada para o uso urbano, com ajuste de altura do selim, protetor de corrente e cestinha dianteira para transporte de pequenos objetos.
A crítica fica por conta dos pneus, que são largos e com cravos, quase um pneu de mountain bike. Eles poderiam ser mais lisos ou ao menos mistos, e com uma largura menor. Porém talvez para uma bike compartilhada, a robustez que o pneu instalado apresenta seja uma boa ideia.
Os pneus estavam calibrados, a bike lubrificada, porém com os freios um pouco duros e sem muito curso, mas nada que atrapalhasse a pedalada.
Bom, bike ajustada, vamos pedalar! A idéia era percorrer todas as estações de aluguel, num total de 9 ativas, localizadas no bairro de Vila Mariana/ Paraíso/ Vila Clementino. E assim fizemos.
Pudemos notar que no entorno de algumas das estações, havia sinalização da CET informando que aquela era uma via com circulação de bicicletas e recomendando a diminuição da velocidade. Porém não notamos nenhuma fiscalização.
Um fato curioso é que em quase todas as estações que paramos, sempre havia alguém nos perguntando sobre o sistema. Parece que o “mundo virtual” das estações, que não tem um funcionário presente, ainda carece do “ser humano analógico” para dar informações e testemunho de uso…
A nota bizarra fica por conta de um cidadão que nos perguntou se a bicicleta era boa, pois ele achava que com “uma chavinha e de madrugada” seria fácil de roubá-la. Nós nem respondemos, e confesso que pensei: “sistema de primeiro mundo num pais de terceiro mundo”. Porém, refletindo melhor, este é um pensamento antigo, anacrônico e limitador.
Nós merecemos sim um sistema de compartilhamento neste nível, e a intenção demonstrada por este ser humano existe aqui e também em países do exterior, pois é da natureza humana, e independe de local. Eu prefiro pensar na “teoria da janela quebrada” utilizada em NYC pelo prefeito para realizar uma “limpeza na cidade”. Mas isto é uma outra história…
Finalizando o teste, entregamos a bicicleta na última estação disponível, na rua Eça de Queirós. Um fato interessante foi que durante a pedalada, ao passar de uma hora de uso, recebemos uma ligação via celular da central de atendimento nos perguntando se ainda estávamos de posse da bike e se tudo estava a contento. Muito bom este procedimento de acompanhar o usuário. Note que em momento algum nos identificamos como sendo do site Eu Vou De Bike, o que poderia gerar uma diferenciação no atendimento.
Concluindo, é óbvio que o sistema está bem no início, ainda muito restrito quanto a disponibilidade e localização, em especial quando pensamos em comutação com outros meios de transporte. As estações disponíveis atualmente ainda estão relativamente distantes de estações de trem, terminais de ônibus. Apenas três estações estão relativamente perto das estações Paraíso, Ana Rosa e Vila Mariana de metrô.
O custo também tem sido alvo de diversas críticas. Porém, em nossa opinião, este é um sistema para curtas distâncias, que em sua maioria não totalizam 30 minutos de duração, e durante este período não é cobrado nada.
A situação ideal é ter uma estação destas próxima de minha origem, e outra do meu destino, onde eu pego a bicicleta na estação inicial e devolvo na estação final, fazendo todo o meu trajeto de bike, ou posso ter também uma estação final próxima ao trem/metrô, e incluir este modal em meu deslocamento.
Nós apostamos e acreditamos muito nesta iniciativa, e esperamos que em breve ela se expanda muito em nossa cidade, bem como em nosso país, modificando de uma vez o paradigma ‘carrocrata’!
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