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Esporte, bicicleta e superação
O Eu Vou de Bike recebeu um relato muito interessante sobre como o uso de uma handbike pode mudar a vida de uma pessoa.
Para quem não conhece, a handbike é aquela bicicleta adaptada em que os pedais são movidos com as mãos. Além de servirem como meio de lazer e transporte para quem tem dificuldades em movimentar as pernas, os ciclistas de handbike também participam de competições e corridas ao redor do mundo.
Veja o relato de Fred Carvalho abaixo:
Olá! Sou Fred Carvalho, nasci em Brasília em 24 de abril de 1974, moro em João Pessoa, sou tetraplégico, portador de Charcoth Marrie Toth, uma doença degenerativa que causa atrofia nos músculos dos membros de extremidade, mãos, braços, pés e pernas. A doença apresentou-se aos quatro anos de idade, a professora na escola notou que eu caia mais que as outras crianças, ai começou a busca pelo diagnóstico e pelo tratamento, e a descoberta que não havia cura, que a doença iria avançar lentamente limitando os movimentos.
Ainda na infância descobri o gosto pelos esportes, praticava futebol, ciclismo, judô e natação, à medida que as atrofias foram progredindo abandonei o futebol, o judô e o ciclismo, nado até hoje. Os esportes além de auxiliar a retardar um pouco o avanço das atrofias me proporcionavam momentos de prazer.
Em 2001 as atrofias evoluíram e passei a utilizar uma cadeira de rodas para minha locomoção, com o passar dos anos fui engordando e em 2007 estava pesando 87 Kg, decidi mudar radicalmente, iniciei uma reeducação alimentar e para auxiliar a perda de peso, dediquei-me mais aos esportes, voltei à natação que havia parado há alguns anos e passei a correr diariamente na orla, inicialmente 2 Km, depois 5 Km, 8 Km, 10 Km, atualmente intercalo treinos de 21 Km, 30 Km e uma vez por semana 42 Km, além de treinos na Córpore Academia, com o foco no aumento de resistência muscular.
O esporte é uma excelente ferramenta de inclusão social, e para nós portadores de deficiência física, não é diferente, participo de corridas de rua nas provas de 5 Km, 10 Km, 21 Km e a prova mais clássica do atletismo, a maratona e seus 42.195 metros, vestindo sempre a camisa da inclusão e mostrando a sociedade que apesar das diferenças e limitações, todos temos os mesmos direitos e deveres, corro com minhas quatro rodas no mesmo asfalto que você corre com seus tênis, cruzo a mesma linha de chegada, supero os mesmos desafios, afinal, meu limite é a minha vontade.
Atualmente também corro na categoria de ciclismo paraolímpico com o handcycle. Em 2011, além das maratonas do Rio, Berlin e New York, pretendo participar do Campeonato Brasileiro de Ciclismo Paraolímpico e de provas de resistência acima de 100 Km. Além do esporte sou apaixonado por fotografia e corro com câmeras fixadas ao capacete e ao quadro da cadeira e da handbike.
O vídeo abaixo mostra a inauguração da nova handbike. Infelizmente não utilizo a handbike como principal meio de transporte por falta de educação e respeito dos monstroristas, defendo o uso da bicicleta, mas não quero fazer parte de uma estatística mortal.
Fred Carvalho
Cidades Sobre Rodas
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