Blog Vou de Bike

Postado em 8 de August por gugamachado

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Não perca o MOBIFILM, que acontece no fim da semana em SP!

No final desta semana, no Centro Cultural São Paulo, rola o Mobifilm, o primeiro festival brasileiro de filmes sobre mobilidade e segurança viária!

Idealizado e coordenado por Eduardo Abramovay e produzido por Leonardo Kehdi, o evento foi inspirado no Global Road Safety Film Festival, que já passou por cidades como Marrakech, Paris e Genebra.

Totalmente gratuita, a programação traz uma seleção de cerca de 100 filmes nacionais, entre documentários, animações, curtas e longas-metragens, webseries e vídeos institucionais, que abordam a mobilidade urbana e a segurança no trânsito. As sessões serão realizadas no sábado (13), das 14h às 22h, e no domingo (14), das 14h às 17h, nas salas Paulo Emílio e Lima Barreto. Competitiva, a mostra premiará os vencedores com troféus e bicicletas.

Veja programação completa aqui

Entre os títulos participantes estão os curtas “Em trânsito”, de Marcelo Pedroso, um pequeno musical sobre a tragédia dos projetos desenvolvimentistas automobilísticos em curso no Brasil e, em particular, no Recife; “Plano Aberto”, de Elder Barbosa, sobre jovens militantes que lutam contra o encarecimento dos transportes públicos e a exclusão social na periferia do Rio de Janeiro.

EXPOSIÇÃO E SEMINÁRIO

Durante o MOBIFILM, o foyer do CCSP irá receber uma exposição com curadoria de Baixo Ribeiro, da Galeria Choque Cultural. A partir de obras dos artistas Coletivo BijaRi, Narcélio Grud, Ale Jordão e Robson Correia, será montada uma instalação temporária com objetos esculturais móveis, que lidam com a temática da mobilidade urbana.

O festival traz ainda um seminário internacional organizado pela ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos no dia 12, sexta-feira. Aberto ao público, o evento terá dois eixos temáticos. Veja a programação aqui.

Serviço:

Quando:  De 12 a 14 de agosto de 2016

Onde: Centro Cultural São Paulo

Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo

Como: Entrada gratuita

Mais infos em www.mobifilm.com.br

Contato em  contato@mobifilm.com.br

A Audax Bikes apoia esta iniciativa!

 


Postado em 14 de July por gugamachado

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Bicicletas Dobráveis: Um dia você ainda vai ter uma!

                                         

Você pode ter estranhado um pouco o título, mas se você usa ou pretende usar a bicicleta como meio de transporte e mora em um grande centro urbano, não há como escapar desta realidade. No mínimo pela escassez de vagas para parar a bike com segurança e tranqüilidade, pois com uma dobrável esta necessidade de vagas é praticamente eliminada, uma vez que você pode levá-la consigo até o seu destino final. E no máximo pela praticidade de combinar com outros modais de transporte que estas bicicletas proporcionam.

Assim, nós procuramos utilizá-la em 3 modalidades:

– como meio de transporte, pedalando ela até o destino final;

– como lazer, levando ela no porta-malas do carro, em viagem;

– como meio de transporte, comutando ela com o metro.

Como meio de transporte único, nosso trajeto selecionado foi de aproximadamente 14 kms de ida e volta , com uma altimetria bem variada, com algumas subidas razoáveis, ponto fraco de quase todas as dobráveis, devido ao tamanho do pneu, a geometria da bike, e a quantidade de marchas. Aliás, uma primeira dica para quem vai se iniciar no mundo das dobráveis, é sempre que possível, selecionar um trajeto com menos subidas, nem que isto signifique um aumento no tamanho do trajeto.

O percurso, como todo pedal urbano, deve ser feito com atenção e agilidade e para isto a dobrável  se mostrou ótima, uma vez que ficamos numa posição elevada na bike, o que não só privilegia a visão do trânsito, bem como também somos mais visíveis aos motoristas, diminuindo a chance de acidentes.

Ao chegar no local de destino, vem a facilidade de não ter que ficar “lutando” para estacionar a bicicleta, uma vez que, infelizmente, vagas para bicicletas são coisa ainda rara…

É só dobrar e levá-la com você, deixando-a em algum local conveniente, durante seu expediente. Finalizando, é só montá-la e rumar ao seu destino. Muito prático, não?

Claro que, devido ao tamanho do pneu e a geometria do quadro, esta categoria de bicicletas não é afeita a grandes distâncias, nem a grandes subidas, como já dissemos. Quem nunca andou numa certamente vai estranhar a aparente instabilidade, onde quase toda a irregularidade do terreno é transmitida ao ciclista. Porém este é um detalhe que com o tempo acabamos nos acostumando, pois a praticidade dela sempre vai “falar mais alto”.

Como lazer, utilizamos ela numa viagem ao litoral, para conhecer melhor o sistema cicloviário da cidade de Santos, no litoral paulista. Assim, ela foi acondicionada numa “sacola” , em meio a outras bagagens, como se fosse mesmo mais um volume a ser transportado, evitando o uso de trans-ciclos, e assim, mostrando mais uma vez a sua praticidade.


Ao chegar no local de destino, mais uma vez é só proceder a (rápida) montagem, e daí é só alegria!

Outro uso recomendado é o recreacional, pedalando, por exemplo, nas Ciclo-Faixas de Lazer que começam a se espalhar pelo Brasil.

Finalmente, em nosso ponto de vista, a grande vantagem das dobráveis aparece quando utilizamos ela comutada com outro meio de transporte. Em nosso caso utilizamos o metro da cidade de São Paulo. Como a maioria já sabe, o metro de SP é “cicloamigável” e dispõe de algumas regras para a utilização da bicicleta. Porém, no nosso caso, nosso compromisso estava fora do horário permitido para transporte das bicicletas nos vagões, o que nos fez utilizá-la como se fosse um volume qualquer a ser transportado conosco, tal como uma mala, ou uma grande mochila.

Aqui a dica é desmontar e acondicionar a bicicleta longe da fiscalização, que em alguns casos pode “implicar” dizendo que naquele horário não é permitido o transporte de bicicletas. Quando você chega no guichê para adquirir o bilhete, com a bicicleta já desmontada e guardada em sua sacola, ninguém mais pode reclamar, uma vez que ela se torna uma bagagem como outra qualquer. Talvez um pouco grande e inadequada para os horários de pico. Aliás, nunca tivemos esta experiência, mas temos certeza que ela não deve ser das melhores, uma vez que nestes horários até as pessoas têm dificuldade em serem transportadas…
Enfim, esperamos com este post contribuir e incentivar cada vez mais a bicicleta como meio de transporte, o que , no caso das dobráveis, tem se mostrado como uma solução muito favorável!
Em breve testaremos uma bicicleta dobrável aro 16, e  até uma aro 24. Iremos trazer também alguns depoimentos de uso. Soubemos, por exemplo, de um caso onde uma dobrável foi utilizada numa prova do tipo Audax, onde a resistência do equipamento e do ciclista é levada ao limite, devido a quilometragem da mesma! No caso foram 300 kms!!!
Deixe seus comentários, experiências de uso e considerações por aqui, pois eles são sempre bem vindos!

Postado em 27 de March por gugamachado

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5 dicas para melhorar o transito nas grandes cidades!

O trânsito é um dos problemas mais complexos da vida urbana. Pensando nisto, um coletivo criou um video através da plataforma Sicredi Touch , que  incentiva as pessoas a transformarem, de forma simples o seu dia a dia.

Este  video mostra 5 dicas que qualquer pessoa pode botar em prática e que cooperam para melhorar a situação nas ruas, de maneira lúdica e bem prática!

Esperamos que gostem!

 


Postado em 12 de November por gugamachado

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Conheça o projeto “Transite”

 

Estes dias conversamos com o Felipe Baenninger, que é fotógrafo, tem 25 anos e mora em sua bicicleta desde dezembro de 2012. Deste papo, surgiu a interessantíssima entrevista que você acompanha abaixo!

1-) Como surgiu a idéia do “Transite”?
A idéia de documentar ciclistas pelo mundo foi inspiração direta de um projeto da Africa chamado Bicycle Portraits feito pelos fotógrafos Stan Engelbrecht and Nic Grobler, um estudo de 3 anos sobre a cultura da bicicleta da Africa do Sul financiado todo via crowdfounding (financiamento colaborativo ou coletivo).
Eu já tinha planos e vinha juntando forças para uma grande viagem de bicicleta pelo país, quando conheci Nic em uma visita que fez alguns anos ao Brasil, e pude perguntar tudo que queria sobre como foi realizar o documentário.
Dai misturei minha jornada de bicicleta com um documentário sobre os outros ciclistas, dai nasceu o Transite.
Também escolhi viabiliza-lo através do sistema crowd, ou seja o fotolivro fica a venda durante toda a realização do documentário e é isso que mantém o projeto vivo financeiramente.
2-) Qual o principal objetivo do projeto?
Realizar uma jornada de 2 anos por cerca de 18000 kms e ao final produzir um fotolivro sobre os ciclistas do Brasil.
Com isso pretendo fortalecer e divulgar a cultura da bicicleta e a importância que ela exerce na locomoção do brasileiro.
3-) Você já está na estrada a alguns meses. Como tem sido a experiência?
Sensacional, me sinto um cigano, hahahaha!!!!
Já rodei cerca de 2600km, visitei 5 estados, 35 articuladores de hospitalidade me ofereceram um sofá ou facilitaram um pouso para mim na estrada.
Tem sido uma experiência gratificante ajudar e ser ajudado nos lugares onde passo.
Acredito muito que a bicicleta seja um grande cartão de visitas para viajantes, te aproxima muito da população dos lugares e facilita em puxar papo por ai. Nunca estamos sozinhos.
4-) Tem notado muita diferença entre a infra-estrutura cicloviária das cidades por onde tem passado?
Muito diferença não é bem o termo, eu tenho notado a ausência dela ou uma tremenda falta de planejamento por parte das prefeituras e governo. Da para dizer que lugares onde os ciclistas são encontrados em massa a tendencia é se ter mais estrutura.Em tais lugares temos bicicletários, para-ciclos, vias exclusivas de bicicleta, etc. Mas as implementações ainda são feita de forma oportunista e não pensada.
Tem lugares com kms de ciclovias e não se incentiva o uso da bicicleta, faltam ciclistas. Tem lugares onde a ciclovia mede 46 cm(!)
Para mim a estrutura vem junto com uma campanha de conscientização da mobilidade, lá na escola.
Temos que aprender sobre a importância de se ir e vir em paz pelas cidades.
5-) E com relação ao comportamento dos motoristas ante aos ciclistas?
Eu já fui motorista e consigo entender o quanto egoista e estressado você pode ficar.
Não sirvo para ficar parado em um automotor, mas entendo um pouco o universo deles.
Dentro da mobilidade algo que não é muito dito é que todos estão com pressa e estamos querendo fazer isso da melhor maneira que encontramos. Na grande parte do tempo os motoristas da cidade são respeitosos e fazem o que pode para conviver com ciclistas numa boa.
O lugar onde me senti mais ameaçado pela estrutura da cidade e pelos motoristas foi em Florianópolis, os bairro são distantes e as vias que conectam um ao outro tem limite de 80km/h, as ciclovias são super mal sinalizadas e rotas para fugir dos tuneis não possuem indicação. Mas sobre a relação com os motoristas é uma questão de contexto, quando a cidade facilita o cara não é agressivo, quanto mais rapida a via menos o motorista ve as coisas no caminho, ou seja você é só mais um obstaculo da rua até o ponto de chegada dele.
6-) Após o término da viagem, quais são os seus projetos?
Uma coisa de cada vez, apesar de ser um bom planejador e me cobrar muito, nesta viagem o aprendizado que quero levar cada vez mais é viver o agora.
7-) Finalizando, como as pessoas podem ajudar o “Transite”?
O produto final do projeto é um fotolivro impresso a cores, que vai ficar lindo, hahahahah !!!
Nele estarão as historias dos ciclistas que encontrei na jornada e outros materiais especiais.
Além disso vendemos camisetas estampas por fotos minhas e de outros artistas.
Se alguém se interessar, quiser ver as estampas e saber mais sobre o fotolivro
pode nos mandar um email vitaminacoletiva@gmail.com
Felipe, muito obrigado pela entrevista e pelo seu tempo, e muito boa sorte nesta empreitada!!!!

Postado em 26 de March por gugamachado

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Como foi o encontro com o Prefeito da maior cidade da América Latina

por @DanielGuth

Na ultima sexta-feira (22/03) um grupo de ciclistas foi recebido pelo Prefeito Fernando Haddad, na sede da Prefeitura paulistana.

Reunião motivada a partir da manifestação na Avenida Paulista em favor da vida e em repúdio ao atropelamento do ciclista David – que se estendeu até a porta da casa do Prefeito, no Paraíso – o encontro reuniu representantes das nossas entidades, da sociedade civil e do poder público municipal.

Relatamos, abaixo, a ATA COMPLETA do encontro, com o descritivo do que foi discutido (informações organizadas pela Associação Ciclocidade e revisadas pelos ciclistas que estiveram presentes).

Só uma observação antes da leitura: muito foi dito sobre este encontro, nas redes sociais. Apesar do descrédito agudo e justificado que temos das instituições públicas e políticas, houve um consenso entre o grupo que lá esteve reunido de que é momento de dar um “salto de fé”, acreditar nas decisões imediatas e na real possibilidade de termos uma cidade cada dia mais inclusiva ao ciclista urbano.

Independente de sabores partidários, resultados eleitorais, disputas de poder (no micro e no macro), é momento de refletirmos e estendermos nossas mãos para uma cidade melhor. Uma boa expressão para este momento, traçando um paralelo com o pós-guerra e a reconstrução da sociedade japonesa, é o ditado Kaizen “hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje”. Um melhor que não seja o meu melhor, que pode não ser o seu melhor, mas o melhor com o foco EXCLUSIVO no interesse público. E vale reforçar, concluindo, que o interesse público muitas vezes é conflitante com o senso comum. Caberá ao chefe do executivo, portanto, saber governar com o norte no interesse público, mesmo que isto represente, por vezes, ter de contrariar o senso comum.

E vamos à ATA DA REUNIÃO:

Reunião entre ciclistas e prefeito Fernando Haddad

Dia: 22/03/2013 – Hora: 06h
Local: Prefeitura Municipal de São Paulo

Estiveram presentes:

Fernando Haddad, prefeito de São Paulo; Chico Macena, secretário de Coordenação das Subprefeituras; Ronaldo Tonobohn, superintendente de Planejamento da CET; Gustavo Vidigal, chefe de Gabinete do Prefeito; Felipe Aragonez, diretor do Instituto CicloBr; Gabriel Di Pierro e Jéssica Martineli, diretores da Ciclocidade; Raphael Monteiro, do Bike Anjo; Ricardo Corrêa, da TCUrbes; Sérgio Zolino, do Pedala São Paulo; Willian Cruz, do site Vá de Bike; Arturo Alcorta, Daniel Guth, Emerson Violin, Renata Falzoni, Renata Winkler, Roberson Miguel dos Santos e Thiago Pereira, membros da sociedade civil.

A diretora da Ciclocidade, Jéssica Martineli, iniciou a reunião apresentando o grupo presente e agradeceu ao prefeito pela oportunidade de agendar a reunião para ouvir a demanda dos ciclistas. Falou da importância do momento e que o grupo representa apenas uma pequena parte da diversidade de ciclistas da cidade. Informou que todos vêm acompanhando sua atuação em prol dos ciclistas desde o ano passado, durante o processo eleitoral, quando ocorreu a assinatura da Carta de Compromisso com a Mobilidade por Bicicletas, e, posteriormente, por meio de seu programa de governo, que apresenta propostas específicas para a área. Afirmou que o grupo ali entende que já existem diversas propostas para quem pedala, que elas contemplam parte do que os ciclistas esperam do poder público, porém, que essas ações devem ser colocadas em prática com urgência, para evitar incidentes como o ocorrido com o ciclista David Santos Sousa, fato que acabou mobilizando os ciclistas e culminou no agendamento da reunião. O grupo levantou cinco pontos que devem ser discutidos e tratados com urgência, informou.

Gabriel Di Pierro, também diretor da Ciclocidade, fez a apresentação destas considerações mais relevantes ao prefeito: 1) realização de campanhas educativas que reforcem o espaço que o ciclista pode ocupar na rua, garantido por lei, ação que aparentemente é possível de ser realizada, de maneira imediata; 2) acalmamento do tráfego e a redução de velocidade, algo que já foi anunciado pelo governo e vimos como positivo, e que também pode ser colocado em prática, inclusive, na avenida Paulista; 3) gostaríamos que as políticas fossem construídas com a participação dos ciclistas, dentro de espaços formais, como o Pró-ciclista, em audiências locais onde estão sendo executados os projetos, em espaços nas Subprefeituras e com acesso aos projetos; 4) ter um órgão que coordene as ações ligadas à bicicleta, algo previsto no plano de governo, e que pode ajudar a viabilizar as ações; 5) pensar no orçamento destinado às ações pró-bicicleta, para que a falta de recursos não atrapalhe a execução dos projetos. Di Pierro também pediu cuidado com as manifestações públicas da prefeitura, lembrando que ao desaconselhar o trânsito de bicicleta em algumas vias como a Avenida Paulista, o poder público pode contribuir para uma compreensão errônea de que bicicletas não podem circular nesses viários, gerando maior animosidade em relação aos ciclistas. Encerrou sua fala ressaltando a importância do prefeito indicar ações mais imediatas.

O prefeito Fernando Haddad iniciou sua fala contando suas impressões sobre os primeiros 90 dias do seu governo e sobre as primeiras ações realizadas pela nova gestão. O prefeito informou que os ciclistas são o segundo movimento social recebido por ele, lembrando que havia se reunido somente com movimento da moradia. Disse que a prefeitura está cuidando, em primeiro lugar, das situações que envolvem a vida das pessoas e de salvaguardar a integridade física delas. Nesse contexto, saúde, educação e a questão do trânsito/mobilidade estão sendo tratados emergencialmente. O prefeito afirmou ainda que percebe que São Paulo peca muito na questão da comunicação e da participação, que a cidade não se comunica. Haddad disse que no caso da bicicleta é preciso comunicar melhor qual é a nova realidade da cidade, pois as pessoas mais velhas ainda têm a consciência de que a bicicleta é para ser usada onde não tem carro. Disse que é preciso se readequar ao que está acontecendo no mundo, com relação à questão ambiental e à questão da mobilidade, e que será preciso reeducar as pessoas para uma outra dimensão. O prefeito reforçou que está 100% de acordo com o primeiro ponto apresentado pelos ciclistas. Sobre a participação, o prefeito afirmou que também acha essencial e por isso estão montando o Conselho da Cidade, com mais de cem pessoas, para ter um canal, para ouvir. Os conselhos estavam desidratados ou nem haviam sido constituídos e agora eles irão retornar, disse o prefeito. Segundo Haddad, a CET tem que ter um espaço de participação da sociedade civil. Sobre o orçamento, o prefeito informou que isso será discutido ao longo de sua gestão, pois recursos poderão vir de parcerias. Haddad informou então que será feito um plano de comunicação. Falou ainda que a prefeitura pode exigir das concessionárias de ônibus que sejam realizados cursos com motoristas de ônibus para sensibilização e sugeriu que sejam feitos eventos para sensibilizar os motoristas. O prefeito pediu licença da reunião para conceder uma entrevista e informou que retornaria a seguir.

Na sequência, o superintendente de Planejamento da CET, Ronaldo Tonobohn, iniciou sua fala informando que já vem conversando com alguns representantes de ciclistas sobre o que a Secretaria de Transportes e a CET pensa a respeito do sistema cicloviário de São Paulo, e que já há produção de infraestrutura cicloviária espalhada em vários órgãos da cidade (Secretarias do Verde e Meio Ambiente, Esportes, Turismo, Transportes e nas Subprefeituras). Tonobohn disse que a SMT está fazendo um esforço grande para coordenar essas diversas ações, mas que há ainda outros produtores de infraestrutura cicloviária na cidade que a Prefeitura não tem controle, como a Sabesp, Petrobrás, CPTM e Metrô. É por isso, afirmou Tonobohn, que é preciso ter muito cuidado sobre o que a Prefeitura pode admitir que seja de fato infraestrutura cicloviária, que há produção de infraestrutura que é muito importante e estruturante, mas que há casos em que se quis dar uma ocupação ao terreno, repassando a responsabilidade de manutenção. Tonobohn disse que vem insistindo em usar o termo sistema cicloviário, e não ciclovia, porque já há um entendimento de que ciclovia não é a solução, mas sim uma composição de soluções, e as soluções de compartilhamento são muito simpáticas para a gestão municipal. Segundo o superintendente, o planejamento atual da CET foca a implantação de um sistema cicloviário voltado para a demanda de regiões da periferia da cidade. Segundo Tonobohn, já existem projetos prontos para serem implantados na região do Jardim Helena, na Zona Leste; na região do Jardim Brasil, na Zona Norte; e no Grajaú, na Zona Sul – regiões onde há demanda e que precisam de estrutura. De acordo com Tonobohn, nas grandes avenidas será dado o máximo de proteção ao ciclista.

Questionado se esses projetos são os mesmos herdados da gestão anterior, Tonobohn informou que há 60 km previstos em projeto executivo pronto que serão implantados e que a prefeitura já está buscando recursos para isso, e estão sendo desenvolvidas as complementações desses três sistemas que vão se somar a mais 270km para atender uma demanda existente. Segundo Tonobohn, nas vias de tráfego mais pesado, vias estruturais e arteriais, a CET vai procurar privilegiar o tráfego segregado, pois há a preocupação de dar proteção ao ciclista. A prioridade, informou Tonobohn, é viabilizar o que tem projeto e atender uma demanda que existe de trabalhadores, de classe mais baixa, que precisa ser assistida, com a diretriz clara de integrar o sistema de bicicletas com o sistema de transporte coletivo.

De acordo com Tonobohn, foi adotada a diretriz de que toda via nova tem que ter sistema cicloviário, todas as compensações ambientais e todos os pólos geradores que têm sido avaliados precisam apresentar soluções para a bicicleta. Segundo Tonobohn, o segundo momento de desenvolvimento do plano é trabalhar em cima da mudança de modal da cidade. Segundo ele, há os projetos para atender a demanda citados, a consolidação da rede cicloviária que já existe na cidade e o próximo passo é mapear as viagens de automóveis que tenham no máximo 7km e começar a trabalhar, em cima das origens dessas viagens, a promoção da migração de modal, viabilizando condições para que os motoristas possam mudar para o modal bicicleta, consolidando a bicicleta como o segundo modal de transporte da cidade, atrás apenas dos coletivos.

O secretário de Coordenação das Subprefeituras, Chico Macena, disse que existe uma vontade política muito grande, inclusive do próprio prefeito, em favor de uma nova política de mobilidade para a cidade, mas que também existe uma resistência das estruturas, e que é preciso promover uma mudança cultural dentro da própria administração, para também promover uma mudança de paradigma da própria sociedade. O secretário acredita que há uma grande oportunidade de avançar, que antes existiam ações de guerrilha, pontuais, e agora é preciso promover mudanças estruturais para mostrar a viabilidade da bicicleta na cidade. Para isso, afirmou o secretário, há oportunidades favoráveis, como o debate do Plano Diretor, com perspectiva dos próximos seis meses. O Plano Diretor hoje, afirmou o secretário, contém diversos projetos de ciclovias que não se articulam a nada, e uma das bases que será preciso considerar para realizar a revisão dele, será o Plano Nacional de Mobilidade Urbana. O Kazuo Nakano (arquiteto e urbanista) vai coordenar o processo do Plano Diretor, disse o secretário, e está acertado que haverá uma abertura bem específica para os ciclistas, com discussões temáticas, para ajudar a promover essa mudança cultural. De acordo com o secretário, é preciso ter feitos demonstradores, com projetos estruturantes a partir dos conceitos que se defende, para poder mostrar que é viável e real.

O diretor da Ciclocidade, Gabriel Di Pierro, perguntou ao secretário se seria viável a realização de um seminário de sensibilização sobre a mobilidade por bicicletas para profissionais da Prefeitura. Chico Macena afirmou que considera possível. O secretário seguiu sua fala, informando que no início desta gestão foi cogitado colocar o tema ‘mobilidade por bicicletas’ para ser tratado em outros órgãos, mas que ele defendeu que o assunto fosse tratado na Secretaria de Transportes, pois se defendemos a bicicleta como um modal de transportes, a SMT precisa assumir essa responsabilidade.

A diretora da Ciclocidade, Jéssica Martineli, perguntou sobre a previsão de retomada do Pró-Ciclista (grupo do executivo formado por órgão municipais para fomentar o uso da bicicleta), e o superintendente Ronaldo Tonobohn, informou que o decreto que formaliza o grupo, seu formato e forma de participação, está sendo revisto, assim como outros processos e estruturas dentro da CET.

O secretário Chico Macena tomou a palavra novamente para informar que há a intenção de criar um programa de empréstimo gratuito de bicicletas na cidade, inclusive articulado ao bilhete único, mas que há uma dificuldade na modelagem e financiamento do projeto, pois a iniciativa privada não tem indicado interesse em promover ações na periferia.

De volta à reunião, o prefeito foi questionado se de fato haverá esse diálogo entre ciclistas e a Prefeitura, e o prefeito perguntou ao secretário Chico Macena qual seria a sugestão para institucionali-zá-lo. Macena reforçou que esse diálogo deve se dar via Secretaria Municipal de Transportes; lembrou da revisão do decreto do Pró-ciclista, sua composição e suas atribuições, espaço onde os projetos que estão em andamento poderão ser debatidos; e também durante a revisão do Plano Diretor, com grupos temáticos para tratar da bicicleta. Esses três pontos darão conta de discutir a política geral e os projetos para a bicicleta, destacou o secretário. O Prefeito se manifestou sobre o tema da redução de limites de velocidade além das possíveis “zonas 30”, dizendo que vai considerar, mas será necessário fazer uma avaliação sobre os locais viáveis.

Como encaminhamento da reunião, o prefeito Fernando Haddad sugeriu uma campanha de comunicação imediata, pensada estrategicamente e para ser veiculada em rádio, feita com a contribuição dos ciclistas, e perguntou quem gostaria de ser o interlocutor desse processo com a Prefeitura. Willian Cruz, Renata Falzoni e Felipe Aragonez, que trabalham com comunicação, se voluntariaram a contribuir e intermediar o processo. Após os encaminhamentos sobre a produção da campanha, o prefeito deu a reunião por encerrada.