Blog Vou de Bike

Postado em 7 de October por gugamachado

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Cicloturismo 2: Planejando Tudo!

Continuando nossa série sobre cicloturismo, decidimos dividir o assunto “planejamento” da seguinte maneira:

– onde viajar;

– como viajar (incluindo preparação da bicicleta);

– o quê levar na viagem.

Como qualquer viagem convencional, um planejamento bem feito é fator determinante no sucesso de nossa empreitada.

No caso da bicicleta, é primordial que o roteiro escolhido seja compatível com a sua forma física. E aqui não entra só o condicionamento físico não!

De nada adianta ser capaz de correr uma maratona inteira se você não está adaptado a ficar mais de três horas pedalando, sentado no selim. Conheço muitas situações onde sobrou fôlego, mas faltaram pernas e bumbum, sé é que vocês me entendem…

Então o ideal é escolher um roteiro inicial com no máximo 200 kms, para ser feito em dois dias (sem contar a volta, ou seja, pedalar uma média de 100 kms por dia) e sem uma altimetria muito severa, ou seja, sem grandes subidas. E mesmo assim, devemos nos preparar para passar um bom tempo “em cima” da bike. Uma maneira de se fazer isto é aumentar o tempo de nossos passeios recreativos, gradativamente.

Se você hoje está adaptado a pedalar uma hora direto, aumente seu próximo passeio em 20% de tempo,  e assim gradativamente, até poder pedalar de duas a duas horas e meia sem intervalos.

Voltando a seleção do trajeto, o ideal é verificar as condições da estrada, se esta possui uma via alternativa/viscinal, dando preferência sempre aos caminhos mais “calmos”, isto é, com menos veículos automotores, nem que isto signifique um aumento no seu trajeto. Verifique também as condições climáticas do período/local em que pretende pedalar. Lembre-se que chuva e vento podem atrapalhar e muito a sua aventura!

É bom verificar e elencar prováveis pontos de apoio, tais como postos de combustíveis, restaurantes, postos policiais, hospitais, hotéis e pousadas, bem como bicicletarias disponíveis.

Procure sempre viajar em grupo (no mínimo em dupla) e deixe seus familiares bem cientes de suas metas de percurso, fazendo uma espécie de “check in” com eles a cada etapa atingida.

Informe-se também previamente sobre o seu trajeto com outros cicloturistas. No Brasil, esta é uma comunidade bem ampla e colaborativa. Você pode achar boas informações nos seguintes sites:

Clube do Cicloturismo

Circuito Brasileiro de Cicloturismo

No Brasil existem várias agências que operam roteiros de cicloturismo, com roteiros para os mais variados bolsos e gostos. Esta também é uma forma bem interessante de se viajar pois, dependendo do apoio, não há necessidade de se preocupar com a infra-estrutura (como carregar bagagens pesadas, selecionar hotéis e pontos de alimentação), ficando nossa atenção e prazer focadas totalmente no trajeto. Uma outra vantagem é no caso de uma viagem mais distante podermos levar nossos familiares que não pedalam, pois estes serão transportados e apoiados pela agência, também usufruindo da viagem conjuntamente, fazendo passeios e programas em comum nas noites.

Você encontra alguns exemplos de agências de cicloturismo aqui.

E aí? Já está preparando os alforges? Nos próximos posts trataremos do preparo da bike/ ciclista, bem como do quê levar.


Postado em 15 de July por gugamachado

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Como Fazer uma Viagem Incrível de Bicicleta!

Aproveitando este período de férias, publicamos aqui um infográfico que o pessoal da  Net tv gentilmente nos cedeu. Está bem legal! Esperamos que aproveitem!


Postado em 5 de March por gugamachado

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Cicloturismo 3 – Preparando a Bicicleta

Bom, nesta altura já temos nossa decisão tomada quanto a viagem, nosso roteiro escolhido, e agora falta prepararmos nossa bike, além de nos prepararmos também.

Começando pela preparação da bike, encontramos o primeiro grande paradoxo. Por mais modernas e sofisticadas que as bicicletas estejam hoje em dia, nossa preferência será por bicicletas as mais simples possíveis, e acima de tudo, bem confortáveis.

Porquê mais simples? Imagine o cenário: você com sua super bike “full suspension”, com freio a disco hidráulico, fazendo uma viagem pelo interiorzão do Brasil, e de repente, seu freio quebra, ou pior, seu quadro trinca. Já pensou o perrengue?

Partindo desta imagem mental, nossas bikes precisam ter componentes robustos, mais simples e de fácil substituição, ou até adaptação. Se você observar, a maioria das bicicletas de cicloturismo comercializadas possuem freios no tipo “cant-lever” ou “v-brake”, robustos e de fácil manutenção.

E os quadros costumam ser de aço, de cromo, ou de alguma liga fácil de ser reparada com uma simples solda. Ou seja, a idéia é que ganhemos o máximo de auto-suficiência mecânica possível, a ponto de um reparo poder ser feito por nós mesmos, ou até por um mecânico não especializado em bicicletas.

Falando em quadros, pedalar algumas horas numa bicicleta desadaptada ao nosso biotipo é uma coisa. Porém, viajar com ela é outra completamente diferente. Portanto, o ideal é que sua bike esteja revisada e ajustada para você. Veja mais dicas de como ajustar sua bicicleta aqui e aqui.

Além do quadro e ergonomia, alguns itens que devemos observar na bicicleta são:

 Com relação a transmissão, procure um grupo resistente, porém não muito sofisticado. Um exemplo seria a linha Altus ou Acera, da Shimano, que são grupos de gama inicial, porém bem resistentes. O número de marchas também não é fundamental e depende muito da altimetria do trajeto escolhido. Normalmente um grupo com 21 marchas bem escalonadas com uma boa relação leve (para subidas) e pesada (para decidas e grandes retas) funciona muito bem. Procure conversar bem com o seu lojista e evite os exageros.

– Falando do selim, procure um que seja o mais confortável possível. Porém, isto não quer dizer que tenhamos que utilizar aqueles selins iguais ao “sofá de casa”, pois um selim grande prejudica o movimento das nádegas na pedalada e incomoda muito a região interna da coxa, raspando o tempo todo. Ah, e o principal: nunca saia para uma viagem longa sem antes utilizar o selim em viagens mais curtas, seguindo as dicas que adaptação que já demos por aqui

– Utilize cubos e movimento central selados, pois estes  praticamente não requerem manutenção. Se suas viagens incluem lama, areia e água – e quase todas incluem – estes equipamentos são fundamentais para que você não fique na estrada…

– Quanto aos freios, eles tem que ser o mais simples possível, do tipo v-brake ou cant-lever, porém o mais eficaz possível, pois quanto menos força para acionar o manete você tiver na mão, mais importante será este investimento. Frear uma bicicleta carregada é bem diferente que frear ela vazia. E este equipamento costuma ser bem exigido, daí também a necessidade de fácil manutenção, no caso de algum defeito.

– Não é item necessário, porém se suas rodas e seu canote de selim forem equipados com sistema de blocagem rápida, sua vida será muito mais fácil. Este sistema não costuma custar caro, e facilita muito as operações de montagem e desmontagem da bicicleta para transportá-la em carros ou ônibus, algo muito comum no cicloturismo. Este sistema também facilita muito na hora de remendar os quase inevitáveis furos de pneus.

– Falando nisto, uma mala ou case para transporte da bicicleta é fundamental se você for realizar trechos da viagem de ônibus ou avião. Ela protege a bicicleta e diminui os problemas para embarque em ônibus e metro. É importante que seja leve, pois durante a viagem de bicicleta ela será praticamente um peso morto.

– Para o controle de sua viagem, um ciclocomputador é fundamental para medir distância total e parcial, além da velocidade, pois muitas vezes estes podem ser nossos indicadores de que estamos no caminho certo. Hoje em dia eles podem ser muito bem substituidos por GPS ou Smartphones, porém, estes últimos costumam exigir muita bateria, coisa complicada em um cicloturismo. Aqui é mais um caso onde a simplicidade deve falar mais alto que a modernidade.

– Vamos falar agora de uma questão fundamental quando fazemos um cicloturismo, que é o transporte de nossa carga, através de mochilas, alforges e bagageiros. As mochilas devem ser nossa última opção, pois elas permitem o transporte de uma quantidade muito limitada de bagagem, além de forçarem demais nossas costas. Se o espaço permitir, tenha a mão uma mochila de “ataque”, somente para levar bagagem para uma caminhada ou uma visita a algum sítio onde o deslocamento seja feito a pé.

– Os bagageiros da bike devem ser bem reforçados, evitando-se os de alumínio, e devendo ser instalados no quadro, porém mantendo a roda livre para facilitar a manutenção. A maioria dos quadros atuais prevêm a instalação de bagageiros, e possuem a furação para tal, na traseira da bicicleta. Porém, se for levar muita bagagem, pode-se optar pela instalação também de um bagageiro dianteiro, não muito comum, mas de muita utilidade, pois este contribui até na estabilidade da bike, sempre respeitando a proporção de mais peso na traseira, e menos peso na dianteira, algo como 2/3 para 1/3.

– Já os alforjes que vão ocupar estes bagageiros são um capítulo a parte. Eles possuem diversos tipos e modelos, e o ideal é que tenhamos referências com outros ciclistas, através de fóruns e “bate-papos”, pois neste caso a experiência prévia conta muito. Uma coisa fundamental é que o material seja bem resistente e o menos permeável possível. Algo do tipo “nylon cordura”, por exemplo. O ideal é que eles facilitem o acesso o máximo possível, com a abertura do tipo “boca”, em velcro reforçado para facilitar o manuseio.Os zíperes também são bem vindos. Procure adquirir um alforje não muito grande e desengonçado, nem muito pequeno, e de preferência com muitos bolsos. A fixação deste no bagageiro também deve ser muito facilitada, pois costumamos remover e colocar muito os alforjes em viagens, até por uma questão de segurança. Procure também protege-los com capas anti-chuva. A maioria dos alforjes costuma ter este acessório disponível.

Se for pegar algum trecho noturno, o ideal é ter um bom sistema de iluminação instalado na bicicleta, que consiste em uma ou duas lanternas (fortes) com luz branca na dianteira (se possível tenha ao menos uma removível, que pode ser utilizada como lanterna) e sinalizadores em vermelho na traseira. Opte também por ter o mesmo sistema no capacete.

No mais, se preocupe com os itens de segurança obrigatórios, tais como reflexivos nos pedais e nas rodas, espelho retrovisor e buzina (do tipo campainha). O apoio de pé (pezinho) não é item obrigatório, porém auxilia bastante nas paradas frequentes e costumeiras durante as viagens. Certifique-se de que ele é robusto o suficiente para aguentar o peso não só da sua bike, como também de sua bagagem. Atualmente é possível encontrar também modelos do tipo “cavalete”, melhores e mais estáveis que os tradicionais pezinhos.

Boas pedaladas


Postado em 6 de September por Eu Vou de Bike

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O que é viajar de bicicleta?

O que é viajar de bicicleta? O vídeo abaixo tem algumas respostas…

Veja a tradução abaixo

O que é viajar de bicicleta?
Viajar de bicicleta não é sobre a bicicleta
É sobre ir devagar
Explorar seu país e vê-lo pela primeira vez
É sobre fazer alguma coisa que você achava que não conseguiria
É sobre pedalar a algum lugar que você nunca esteve
É sobre subir lentamente uma montanha
E depois descer voando
É sobre viajar com os amigos
E fazer novos amigos no caminho
É sobre barraquinhas de frutas no acostamento
E descobrir as melhores refeições que você já fez
É sobre se perder para se encontrar
Mas acima de tudo, viajar de bicicleta é sobre pessoas
Compartilhar histórias com outros viajantes
E dar risada com os locais
Porque quando você viaja de bicicleta, é impossível não sorrir
E as pessoas sorriem de volta
Viaje de bicicleta. Viva mais.

Gostou do vídeo? Bateu a inspiração para sair por aí pedalando pelas estradas do Brasil e do mundo? Então você precisa conhecer mais sobre o cicloturismo, uma prática já bem comum na Europa, mas ainda pouco popular no Brasil, principalmente por conta da falta de estrutura para os cicloturistas nas estradas.

Existem várias modalidades do cicloturismo, desde aquelas em que o ciclista viaja por vários dias, semanas ou meses até um destino estabelecido ou, nos casos mais comuns, quando o ciclista tira um dia ou fim de semana para conhecer alguma cidade turística perto de sua casa.

Existem vários sites especializados em cicloturismo, como o Clube do Cicloturismo, com dicas de roteiros e dicas práticas para quem quer fazer a viagem sem muitos percalços. É um bom ponto de partida para quem quer experimentar uma das formas mais livres de se conhecer outras regiões.

– O vídeo foi encontrado no Pedaleiro


Postado em 24 de March por gugamachado

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Viajando pelo mundo numa Bicicleta Fixa !!!!

Nós aqui do EVDB adoramos cicloturismo! Navegue pelo nosso site e veja as muitas matérias que já fizemos a respeito, inclusive com muitas dicas de pessoas bem experientes.

Assim pode-se dizer que nós já vimos de tudo por aqui! Ou melhor, quase tudo! Nunca tínhamos visto alguém empreender uma viagem de bicicleta utilizando uma fixa!

Para você que não sabe do que se trata, uma bicicleta fixa é, nas palavras do cicloturista Pedro Vianna, “é um tipo de bicicleta que oferece maior controle para quem está pedalando. Você pode, por exemplo, pedalar para trás. Ao contrário da roda livre, como é o caso das bicicletas convencionais. Ou seja, a sua bike só vai estar em movimento se você estiver pedalando. Portanto, a velocidade e a hora de parar são controlados exclusivamente por suas pernas.”

Fixie, Bike fixa, roda fixa, Fixed Gear, todos esses nomes são maneira de chamar este tipo de bicicleta.

Elas são utilizadas nas pistas de ciclismo e deram origem as que são vendidas atualmente. Há alguns anos começaram a ser utilizadas e vistas circulando regularmente em São Francisco, Nova York, e Europa.

Ainda baseado na sua experiência de uso, ele diz que “pedalar uma bicicleta assim é diferente, a relação que você tem com a bike é outra. O controle é totalmente ligado ao corpo. É complicado de explicar com palavras. Mas quem pedala uma fixa tem uma relação de paixão pela bicicleta!”

Tendo já realizado um grande “tour” pela Europa, ele se prepara para seu próximo projeto agora em abril, que será realizado no Japão!

Mas nada melhor que o próprio explicando o projeto:

 

 

Se quiser saber mais sobre a expedição, veja em:

www.bikemyself.com

www.facebook.com/bikemyself

http://www.youtube.com/channel/UCB3BkQfUN8LQHvZ8Qdn6EfQ

Instagram: @bikemyself

E em breve uma entrevista com o Pedro por aqui, para que sirva de estímulo para o cicloturista que habita dentro de você!!!!!

 


Postado em 21 de August por gugamachado

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De Bike pela Inglaterra (parte 4)

Na quarta parte deste nosso “diário de viagem”, dia dois, nós amanhecemos em Stratford Upon Avon, terra do Sheakespeare, para conhecermos a fábrica das tradicionais bicicletas “Pashley“. Lá, além de um glorioso “tour” pela fábrica, recepcionados pelo simpático e prestativo “Dave”, nós iríamos pegar nossas bicicletas Pashley modelo “Guv’nor”, as quais iríamos utilizar na “L’Eroica”.

A fábrica foi fundada em 1926, e o processo fabril é todo artesanal, o que se traduz por uma qualidade e exclusividade incrível e única!

Ao chegarmos, nossos brinquedos já estavam prontos, nos esperando!

Pudemos acompanhar todo o processo de fabricação destas tradicionais e adoradas bicicletas. Aliás, elas fazem parte do imaginário inglês, como pudemos constatar mais tarde, pois foram por muitos anosa as bicicleta utilizadas pelos correios!

Veja o processo de fabricação no video abaixo:

London pt.2 from Augusto Machado on Vimeo.

Na saída, ainda recebemos, além de camisetas e outros brindes, um kit que acompanha a bike constituído por camara reserva, uma sacola, uma linda chave de boca cromada, uma lata de óleo, e, é claro, um pacote de chá cujo “blend” era da própria bike! Simplesmente um luxo!!!

Fábio Samori demonstra sua satisfação com o “mimo”!

Após esta maravilhosa manhã, saímos com nossos novos brinquedos pedalando pela linda e organizada cidade, para conhecer melhor.

Passamos por vários locais incríveis, inclusive a cidade é cortada pelo rio Avon, onde o pessoal costuma praticar remo no final de tarde! Demais, né?

Voltamos ao hotel, paramos as bikes para descanso, pois ainda teríamos pela frente o desafio de assistir a um jogo da Inglaterra num legítimo pub londrinho, mais velho que o Brasil!!!!

Fomos ao pub de bike para ver a Inglaterra sendo derrotada pelo Uruguai por 2 x 1. Porém, o mais impressionante foi ver a reação da torcida inglesa no pub, diante da eminente derrota…

My Movie from Augusto Machado on Vimeo.

Uma lição de patriotismo! Quem sabe um dia…

Neste clima, voltamos ao hotel pois no dia seguinte teríamos uma longa viagem de trem e bike até o local onde ocorreria a L’Eroica”, a região de Peak District!

 Até a próxima!


Postado em 10 de July por gugamachado

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De Bike pela Inglaterra (parte 2)

Fábio Samori, Rodrigo Raso, Guga Machado e Ricardo Santos

 

Continuando a saga da nossa viagem, partimos da Aro 27 numa terça a tarde, dia do jogo do Brasil com o México,  rumo ao aeroporto de Guarulhos. O grupo era bem eclético: tinhamos eu, Guga Machado; o Fábio Samori (cicloturista experiente e proprietário da Aro 27), o Ricardo Santos e o Rodrigo Raso (sócios proprietários da Milk Comunicação Integral, sendo o Rodrigo também triatleta) e nas bagagens, nossas roupas e expectativas.

Falando em bagagens, sempre que fizer uma viagem onde vai se utilizar basicamente transporte público e bicicleta, o ideal é que ela seja resumida ao mínimo necessário, com roupas versáteis e técnicas, se possível (tipo tecidos de secagem rápida, calças que viram bermudas, e por aí vai…) e reduzindo os eletrônicos ao máximo, para menor peso final. Atualmente, com um bom smartphone, com boa memória, conexão e bateria (aliás, vale o investimento em uma unidade de bateria externa e expansão de memória como esta aqui, para iPhone) somos capazes de fazer todo o processo de registro, navegação e comunicação de maneira muito simples e eficaz, deixando-nos livres de notebooks e afins.

Após um empate com o México e onze horas de vôo, com quatro horas de fuso horário a frente de nosso horário, chegamos ao aeroporto de Heathrow na manhã da quarta-feira. Ao passar pela imigração inglesa, começou o primeiro ritual que iria se repetir muitas vezes mais durante nossa expedição: a funcionária ficou muito impressionada com o fato de quatro brasileiros estarem na Inglaterra especialmente para participar de um evento de bicicletas no interior do país, durante a copa do mundo que ocorria em nosso próprio país! Tivemos até que mostrar nossas inscrições e uniformes, e recebemos desejos de boa sorte e boa estadia!

Aliás, o povo inglês merece nota 10 em cordialidade e recepção!

Na sequência de uma chegada tranquila e organizada, tipicamente inglesa, veio a primeira surpresa: a possibilidade de chegar ao centro de Londres utilizando o  metrô, saindo a partir do aeroporto. Na verdade, do interior do aeroporto! Infelizmente, uma realidade ainda muito distante para o Brasil…

Nosso primeiro pernoite seria numa simpática cidadezinha chamada Stratford Upon Avon, terra natal do escritor Willian Shakespeare, distante 150 kms de Londres.

Iríamos percorrer esta distância de trem, porém este só partia no final da tarde. O que fazer com o resto do dia? Fomos para a charmosa Covent Garden, um “distrito” bem descolado no centro de Londres, com muitas atrações e performances de rua, lojas chiques e ótimos restaurantes, onde aproveitamos para comprar um chip local com internet e voz. Aproveitamos também para conhecer o mundialmente famoso “Covent Garden Market”.

interior da AppleStore de Covent Garden

 

“lower piazza” em Covent Garden, onde é preparada uma famosa paella

Artistas de rua se apresentando em Covent Garden

 

Após “bater muita perna”, pausa para o primeiro (de muitos – hehehe) “pint”  num tradicional pub, pois ninguém é de ferro…

Com isto chegamos ao final do dia bem no horário de pegarmos o primeiro de muitos trens, que nos conduziria ao nosso primeiro objetivo: irmos p/ a cidade onde fica a fábrica das bicicletas que iríamos utilizar na L’Eroica Britannia.

Aliás, tanto a estação de trem quanto o trem eram extremamente “bike friendly” e merecem um post a parte na semana que vem! Não percam!

 


Postado em 7 de July por gugamachado

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De mochila pelo mundo!

Quem nos acompanha (e lá se vão mais de quatro anos!!!!) sabe que nós por aqui adoramos cicloturismo!

E é neste espirito que nós conhecemos o Aldo Lammel, que tem um projeto muito legal, o “Mochila & Bike“, e pedimos que ele detalhasse melhor por aqui nesta entrevista!

EVDB: Poderia nos contar sua história? Onde morava, emprego, o que fazia?

Aldo: Nasci na capital gaúcha, cresci numa cidadezinha há 70 km ao oeste de Porto Alegre, chamada “Charqueadas”, mas aos 20 anos retornei a minha cidade natal para estudar e trabalhar. Cursei Publicidade e me tornei especialista em gestão de projetos online. Com 27 anos troquei de área e me dei mal. Acabei por retomar meu antigo cargo, mas já fora da zona de conforto. Nessa aventura em outra área, percebi que a mudança e os riscos me fizeram bem no final das contas. Mudei alguns hábitos e aos 29 anos decidi que era hora de largar o emprego assalariado e dar ouvidos à minha intuição que vinha há anos me dizendo para empreender. Passei a me dedicar em tempo integral a um projeto cultural que envolveria a realização de outros sonhos.

O que é o Mochila & Bike e o que o projeto oferecerá para quem acompanhar vocês?

O projeto Mochila & Bike visitará iniciativas mundo afora atrás de atitudes construtivas, seja de educação, inclusão social ou de sustentabilidade. Com essas visitas nós criamos artigos sobre as iniciativas onde o conteúdo tem a missão de levar ao nosso público exemplos de atitudes bacanas vindas de todos os cantos.

Como a expedição de volta ao mundo começa apenas em janeiro de 2015, desde 2013 eu venho escrevendo o diário onde conto em detalhes sobre os difíceis – porém necessários – aspectos que um empreendimento desse tipo exige.

Além do diário e dos artigos, haverá um conteúdo focado mais em entretenimento. Teremos o #tamojunto que será um tipo de reality show mesclado com série de TV, mas tudo publicado semanalmente via internet e de graça. O #tamojunto trará a realidade da vida na estrada com uma bicicleta. Se levarmos em consideração que serão 40 meses de viagem por 40 países mundo afora, temos uma previsão de 160 episódios com os mais diferentes cenários e uma quantidade total de filme colossal. Mesmo com as dificuldades logísticas, temos tudo minimamente montado já.

Como surgiu a idéia do Mochila Bike?

Quando a gente vai ficando mais velho me parece que vira uma missão fazer algo realmente significativo (risos), não é verdade? Viajar e criar coisas são paixões antigas, embora eu quase nunca tivesse saído do meu Estado ou do país até a alguns anos. Minha família nunca teve condições de bancar viagens ou de me dar os brinquedos que eu queria, mas sempre me cercou com livros, filmes e música. Arte de modo geral. É curioso que minhas lembranças mais antigas são aquelas onde estou criando ou desmontando brinquedos com meus amigos assim como, quando sozinho em casa, eu tirava da estante vários livros de capas bonitas, os punha no chão e ficava horas folhando cada um deles, “viajando” pelas páginas repletas de gravuras sobre ciência, animais, geografia, dinossauros e galáxias. Eu era incapaz de ler e compreender o conteúdo desses livros, mas eu podia criar os significados do jeito que eu bem entendia.

Acabei por misturar essas duas vontades: a de viajar pelo mundo e a de fazer um trabalho autoral, meu, com algum impacto social e cultural. “Voilà”, nasce o Mochila & Bike em setembro de 2013 e lançado em janeiro desse ano.

E você conta com uma equipe, patrocínio? De onde vem os recursos?

Não temos um patrocinador ainda. O que temos até o momento saiu da ajuda de amigos, parceiros e do que sei fazer e do que paguei do meu bolso. Como ainda há equipamentos e serviços que preciso adquirir, estou resolvendo com a venda do meu apartamento. Isso nos ajudará a tocar o barco adiante.

Sobre a equipe, nos primeiros sete meses de Mochila & Bike eu o conduzi sozinho, mas chega uma hora que você precisa de novos olhos e habilidades. Hoje somos cinco pessoas onde temos quem cuide das redes sociais, uma pessoa que mapeia as iniciativas que cruzam o roteiro do projeto, um técnico de ciclismo que me auxilia no preparo físico e mental que o cicloturismo involve, e um assessor jurídico.

Todos são voluntários, têm bagagem nas responsabilidades que assumiram além de serem naturalmente altruístas. Esse projeto roda bem hoje justamente pela segurança que eles me passam.

Qual o principal objetivo do Mochila & Bike?

O projeto é dividido em duas etapas. A de volta ao mundo e a de palestras gratuitas no meu retorno ao Brasil. A volta ao mundo é o foco agora e essa etapa tem dois objetivos centrais. O primeiro consiste em garimpar iniciativas legais mundo afora e visitá-las, documentando e compartilhando via internet as suas atividades, sejam elas voltadas à educação, inclusão social ou à sustentabilidade.

O segundo objetivo é inspirar quem está acompanhando o projeto através do nosso material autoral em textos, fotografias e vídeos.

Na opinião de vocês, qual o público que tem adotado a bicicleta como meio de transporte?

Não é um dado absoluto, mas eu percebo que a bike no Brasil ainda é dos jovens e está naquele processo de ser descoberta como meio de transporte e não somente lazer. Quem é dos anos 80 como eu, já deve ter visto o filme Quicksilver: o Prazer de Ganhar onde um homem de negócios, interpretado pelo Kevin Bacon, está cheio da rotina de Wall Street e descobre na bike a ferramenta perfeita para sua própria libertação pessoal e profissional.

A Lili, que é quem cuida das redes sociais do Mochila & Bike, é adepta da bike em tudo e eu aprendo muito com ela. Como ainda preciso fazer um trabalho ou outro para sobreviver antes da expedição de volta ao mundo, vou ver meus clientes de bike e, no meio do caminho, sempre vejo outro guerreiro com mochila nas costas com pinta de quem está trabalhando. É algo cult e para quem é sagaz porque a estrutura urbana no Brasil está longe de estar preparada para as bikes, talvez está ai o motivo que leva os mais velhos não apostarem, mas é o cenário ideal para aqueles que gostam de fugir as regras: jovens. Aliás, quais mudanças significativas iniciaram sem uma grande quebra de regras?

Como vocês vêem as políticas públicas relativas a educação relacionada a bicicleta?

Semana passada fui atrás do cartão internacional de vacina e tive de visitar a Anvisa. Peguei a Garibaldi (minha Trek) e fui na Anvisa do Aeroporto Salgado Filho. O único aeroporto internacional do Rio Grande do Sul não tem nenhum local apropriado para bicicletas. Um local que emprega, sei lá, mil pessoas, não tem bicicletário. Mas não podemos nos queixar de tudo. Porto Alegre já conta com bicicletas públicas para transporte e lazer, temos os primeiros quilômetros de ciclovias e os nossos motoristas, aos poucos, vão se acostumando com a nossa presença e respeitando nosso espaço que é na rua e não na calçada. Para que as políticas públicas nos deem ouvidos, todo ciclista precisa adotar uma postura fundamental: pedalar para tudo e não somente para o lazer. Quem quer se fazer ouvir, se faz presente.

E o lugar de ciclista é pedalando na rua e fazendo bonito. Nova York, uma das cidades mais importantes do mundo, é campeã no Youtube em reclamações de ciclistas. Agora imagine as nossas capitais onde a bicicleta ainda dá os primeiros passos para ser de vez descoberta? Então, vamos pedalar e, com sapiência, registrar e postar as falhas, mas sem deixar de enaltecer o que vem dando certo. ;)

Menos reclamação, mais atitude!

O que falta nas grandes cidades brasileiras para terem mais adeptos da bicicleta como meio de transporte?

As empresas disponibilizarem espaços para bicicletas em suas sedes além de banheiros com chuveiros e armário para, pelo menos, uma certa quantidade de colaboradores. Isso movimentaria toda a máquina pública e a sociedade passaria a ver na magrela uma opção de transporte também econômica.

Quais são suas dicas para aqueles que adotaram a bicicleta como estilo de vida?

Para quem já adotou, bacana, o próximo passo é encontrar um lugar de destaque para a magrela dentro da sua casa (risos). Vejo bastante dicas de arquitetos que encontram soluções inteligentíssimas de como tornar a bike verdadeiramente uma parte da sua casa. Já para quem pensa em voltar a pedalar, faça isso. Há três anos eu jamais imaginaria que voltaria a andar de bicicleta, muito menos dar a volta ao mundo com uma.

 Aldo, muito obrigado por esta rica entrevista e desejamos a você e toda equipe sucesso nesta empreitada tão nobre!!! Nós por aqui vamos acompanhá-lo e apoiá-lo no que for possível!

Postado em 12 de November por gugamachado

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Conheça o projeto “Transite”

 

Estes dias conversamos com o Felipe Baenninger, que é fotógrafo, tem 25 anos e mora em sua bicicleta desde dezembro de 2012. Deste papo, surgiu a interessantíssima entrevista que você acompanha abaixo!

1-) Como surgiu a idéia do “Transite”?
A idéia de documentar ciclistas pelo mundo foi inspiração direta de um projeto da Africa chamado Bicycle Portraits feito pelos fotógrafos Stan Engelbrecht and Nic Grobler, um estudo de 3 anos sobre a cultura da bicicleta da Africa do Sul financiado todo via crowdfounding (financiamento colaborativo ou coletivo).
Eu já tinha planos e vinha juntando forças para uma grande viagem de bicicleta pelo país, quando conheci Nic em uma visita que fez alguns anos ao Brasil, e pude perguntar tudo que queria sobre como foi realizar o documentário.
Dai misturei minha jornada de bicicleta com um documentário sobre os outros ciclistas, dai nasceu o Transite.
Também escolhi viabiliza-lo através do sistema crowd, ou seja o fotolivro fica a venda durante toda a realização do documentário e é isso que mantém o projeto vivo financeiramente.
2-) Qual o principal objetivo do projeto?
Realizar uma jornada de 2 anos por cerca de 18000 kms e ao final produzir um fotolivro sobre os ciclistas do Brasil.
Com isso pretendo fortalecer e divulgar a cultura da bicicleta e a importância que ela exerce na locomoção do brasileiro.
3-) Você já está na estrada a alguns meses. Como tem sido a experiência?
Sensacional, me sinto um cigano, hahahaha!!!!
Já rodei cerca de 2600km, visitei 5 estados, 35 articuladores de hospitalidade me ofereceram um sofá ou facilitaram um pouso para mim na estrada.
Tem sido uma experiência gratificante ajudar e ser ajudado nos lugares onde passo.
Acredito muito que a bicicleta seja um grande cartão de visitas para viajantes, te aproxima muito da população dos lugares e facilita em puxar papo por ai. Nunca estamos sozinhos.
4-) Tem notado muita diferença entre a infra-estrutura cicloviária das cidades por onde tem passado?
Muito diferença não é bem o termo, eu tenho notado a ausência dela ou uma tremenda falta de planejamento por parte das prefeituras e governo. Da para dizer que lugares onde os ciclistas são encontrados em massa a tendencia é se ter mais estrutura.Em tais lugares temos bicicletários, para-ciclos, vias exclusivas de bicicleta, etc. Mas as implementações ainda são feita de forma oportunista e não pensada.
Tem lugares com kms de ciclovias e não se incentiva o uso da bicicleta, faltam ciclistas. Tem lugares onde a ciclovia mede 46 cm(!)
Para mim a estrutura vem junto com uma campanha de conscientização da mobilidade, lá na escola.
Temos que aprender sobre a importância de se ir e vir em paz pelas cidades.
5-) E com relação ao comportamento dos motoristas ante aos ciclistas?
Eu já fui motorista e consigo entender o quanto egoista e estressado você pode ficar.
Não sirvo para ficar parado em um automotor, mas entendo um pouco o universo deles.
Dentro da mobilidade algo que não é muito dito é que todos estão com pressa e estamos querendo fazer isso da melhor maneira que encontramos. Na grande parte do tempo os motoristas da cidade são respeitosos e fazem o que pode para conviver com ciclistas numa boa.
O lugar onde me senti mais ameaçado pela estrutura da cidade e pelos motoristas foi em Florianópolis, os bairro são distantes e as vias que conectam um ao outro tem limite de 80km/h, as ciclovias são super mal sinalizadas e rotas para fugir dos tuneis não possuem indicação. Mas sobre a relação com os motoristas é uma questão de contexto, quando a cidade facilita o cara não é agressivo, quanto mais rapida a via menos o motorista ve as coisas no caminho, ou seja você é só mais um obstaculo da rua até o ponto de chegada dele.
6-) Após o término da viagem, quais são os seus projetos?
Uma coisa de cada vez, apesar de ser um bom planejador e me cobrar muito, nesta viagem o aprendizado que quero levar cada vez mais é viver o agora.
7-) Finalizando, como as pessoas podem ajudar o “Transite”?
O produto final do projeto é um fotolivro impresso a cores, que vai ficar lindo, hahahahah !!!
Nele estarão as historias dos ciclistas que encontrei na jornada e outros materiais especiais.
Além disso vendemos camisetas estampas por fotos minhas e de outros artistas.
Se alguém se interessar, quiser ver as estampas e saber mais sobre o fotolivro
pode nos mandar um email vitaminacoletiva@gmail.com
Felipe, muito obrigado pela entrevista e pelo seu tempo, e muito boa sorte nesta empreitada!!!!

Postado em 10 de October por gugamachado

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Viajando de Bike pela América do Sul

Quem nos acompanha sabe que aqui no EVDB nós adoramos cicloturismo por vários motivos! Sóa quem já fez sabe o quanto é prazerosa esta modalidade de ciclismo, além de, muitas vezes, representar uma auto-superação tão grande que nos deixa lições práticas para aplicarmos sempre em nossas vidas.

Para motivar mais ainda nossos leitores a se animarem e se atreverem a ao menos pensar na possibilidade de realizar uma viagem de bike, segue  uma entrevista inspiradora com o André Costa e a Ana Vivian, que estão viajando pela América do Sul já há um ano e três meses!!!

André e Ana por eles mesmos: Nos conhecemos quando éramos estudantes em Florianópolis, e desde o começo do namoro realizávamos passeios de bicicleta pela cidade. Não satisfeitos em pedalar apenas nos finais de semana começamos a usar a bicicleta para ir a todo lugar durante nosso dia-a-dia e descobrimos o grupo da bicicletada na cidade, onde fizemos diversos amigos e aprendemos muito. Anos mais tarde terminamos a faculdade e nos casamos, e fomos ao nosso próprio casamento de bicicleta, pedalamos pouco mais de 30km até a Igreja com alguns convidados e padrinhos, todos trajados já para a cerimônia. Aí foi que a família toda percebeu como gostamos muito de pedalar, e começaram a se acostumar com a ideia de que iríamos fazer uma longa viagem de bicicleta, que há tanto tempo sonhávamos em realizar.

Porquê se interessaram pelo cicloturismo?

O André foi quem se interessou primeiro, mas não foi propriamente por cicloturismo, ele tinha uma idéia que eu achava maluca na época, de ir andando até a cidade natal dele, distante uns 800km de onde vivíamos. Aí na época das férias de verão, ele e um amigo fizeram uma pequena viagem de 10 dias pela Serra Catarinense, e eu não fui convidada, fiquei me remoendo de inveja, eu estava mais empolgada que eles, mas minha bicicleta não era adaptada e eu ainda não tinha capacidade física pra acompanhar os dois gurís serra acima. Então no período que eles estavam viajando eu fiquei navegando na internet buscando informações sobre viagem de bicicleta, sempre ansiosa pelo telefonema do final do dia, pra saber onde eles estariam acampando. Na internet descobri que existia até um termo pra isso, o “cicloturismo”. No verão seguinte eu me convidei pra fazer parte do grupo, e fizemos uma viagem juntos, também pela serra catarinense, por outras estradas. Então nosso interesse não foi especificamente por fazer turismo em bicicleta, mas sim por viajar. Atualmente viajamos de bicicleta, e adoramos a perfeita harmonia entre turismo e exercício físico, mas quem sabe um dia ainda viajaremos a pé, o sonho primordial não foi abandonado…

3-) Quais foram as suas principais experiências no cicloturismo? 

As primeiras experiências nunca excederam 10 dias de viagem. Como éramos estudantes na época, sem dinheiro, só acampávamos em todo o trajeto e gastávamos muito pouco com comida. André fez a primeira viagem com um amigo, e no outro ano eu embarquei junto no grupo para uma viagem muito similar. Depois das duas viagens pela Serra Catarinense, fizemos o circuito do Vale Europeu. Fizemos uns trechos do Circuito Costa Verde e Mar durante alguns verões, e em 2011 viajamos 15 dias com um grupo de amigos para participar do Fórum Mundial da Bicicleta em Porto Alegre, fomos e voltamos de bike por estradas secundárias e sempre acampando. Mas desde antes de nos formarmos sonhávamos com o que estamos realizando hoje, uma longa viagem pela América do Sul, sem data pra voltar.

4-) Como tem sido pedalar pela América Latina? 

A experiência tem sido maravilhosa. Deixamos nossa casa vazia e partimos sem saber se ficaríamos um mês viajando, um ano, dois anos… Não criamos expectativas nem nos pusemos compromissos. Nossa meta sempre foi desfrutar do caminho, nunca tivemos um destino final a ser alcançado nem uma meta de quilômetros diária. Somente o objetivo de chegar em casa outra vez, sãos e salvos, daqui a algum tempo. Pelo fato de não sabermos o que esperar de cada dia, qualquer coisa que aconteça é vista como uma boa surpresa. Mesmo nos dias muito difíceis, sempre aprendemos alguma coisa, principalmente sobre ter paciência e compreensão. Nunca imaginamos que as diferenças culturais entre os países vizinhos ao nosso seriam tão grandes. Nunca pensamos que as montanhas dos Andes seriam tão colossais. Nem que os famosos ventos patagônicos fossem tão concretos. Antes da viagem havíamos lido vários livros de outros cicloviajantes, relatos em outros blogs, sempre pra alimentar nosso sonho de um dia partir de viagem. Mas não tem como, quando é a gente mesmo que está ali a coisa é bem diferente e nem sempre a gente tem a reação que espera diante dos desafios. Conhecemos pessoas muito bacanas, depois de um ano viajando fizemos amigos do mundo inteiro, deixamos famílias emprestadas em todos os países que passamos, sempre com o convite de voltarmos pra uma outra visita algum dia. Mas além das experiências boas também tivemos situações difíceis,como quando nos perdemos num passo de fronteira que não tinha estrada entre o sul do Chile e Argentina e nossa comida terminou, ou quando fomos atacados por cães violentos no Perú inúmeras vezes, dormimos em noites congelantes a -17ºC na Bolívia com aquelas estradas péssimas, passamos noites apreensivos de medo dentro da barraca em certas regiões mais perigosas… Mas o dia termina  e recomeça e sempre tem algo de bom esperando de novo pra acontecer, e isso tem motivado a gente a seguir um dia mais, e mais um outro mês, mais alguns quilômetros, e até agora já se passaram um ano e 3 meses de viagem, mais de 13.500km percorridos pedalando.

5-) Existem muitas diferenças entre as infra-estruturas das principais capitais por onde vocês têm passado?

No primeiro trecho de viagem evitamos ao máximo entrar em cidades médias a grandes. Fizemos voltas grandes só pra evitar cidades como Mendoza e San Juan na Argentina, por exemplo. Então não temos muito como comparar, porque só começamos a entrar em cidades maiores quando estávamos pedalando com um casal de amigos agora entre o norte da Bolívia e Perú. As únicas capitais que conhecemos foram La Paz, na Bolívia, e Lima, no Perú. Mas o que dá pra notar de maneira geral, é que na América do Sul não existe estrutura para viajar de bicicleta, apesar da grande quantidade de viajantes circulando com suas magrelas por estas terras. Quem vem pedalar de outros continentes para cá, vêm pelo fator aventura da coisa. A única estrutura que se pode dizer que existe são as Casas de Ciclistas, lugares onde alguma família disponibiliza um espaço para os ciclistas descansarem em cidades maiores. Estas Casas são geralmente um grande esforço e paixão por parte do proprietário, e são um verdadeiro oásis para o viajante, mas são todas iniciativas de pessoas isoladas e estruturas ainda tímidas. As Casas de Ciclistas que tivemos o prazer de conhecer foram em Villa Manihuales, na Patagônia Chilena, em La Paz, na Bolívia e em Trujillo, no Perú. E ficamos sabendo recentemente que o Brasil teve inaugurada sua primeira casa de ciclistas em Foz do Iguaçú no Paraná, estamos planejando passar por lá na nossa volta. De maneira geral entrar em cidades grandes como as capitais é um grande risco, a área periférica geralmente é perigosa por ter pouca presença policial e poucas pessoas circulando a pé, e o trânsito um risco ainda maior, por isso evitamos passar por estes lugares. Em Lima, por exemplo, até existe uma linda ciclovia numa grande avenida arborizada e agradável, mas até chegar lá você já passou por muita coisa nada amistosa. Por outro lado, em pequenas cidades é fácil de chegar, sempre tem uma escolinha com gramado pra acampar, ou uma igreja com salão pra dormir, ou alguém que te oferece água e acaba te deixando acampar no quintal, e na minha opinião esta é a estrutura mais maravilhosa que existe pra alguém que viaja em bicicleta, a possibilidade de receber hospitalidade e solidariedade das pessoas pelo caminho, porque você está mais próximo delas, mais aberto e vulnerável de certo modo.

 

6-) Alguma dica para os iniciantes? 

Tem tantas dicas, coisas que a gente foi aprendendo aos poucos, coisas que outros cicloviajantes nos ensinaram também. Mas seria bastante longo descrever tudo agora. Diríamos que a principal seria de não deixar as questões “técnicas” te impedirem de realizar uma viagem que sonhas. Não importa se a bicicleta é ruim ou boa, não importam se tem os melhores equipamentos do mundo ou só tem gambiarra, o que importa é ter a vontade de realizar. A gente viu muitos ciclistas viajando só com coisas Top de linha, e vimos muitos mais, uma infinidade mais, viajando no improviso. O que percebemos é que no começo, por insegurança saímos carregados demais, porque tínhamos medo de precisar de algo e não ter à mão. A consequência foi que nos primeiros 10 dias de viagem despachamos 4kg de coisas inúteis devolta pra casa dos pais, e ao longo da viagem fomos doando outras tantas. Mas a verdade é que o melhor é sair com poucas coisas e na medida do que sente necessidade, adquire quando, e se realmente precisar. Com o tempo vamos conseguindo viver com cada vez menos coisas, e isso deixa as subidas menos cansativas, deixa o caminho mais leve, sobra um pouco mais de energia pra desfrutar a estrada.

7-) Quais são seus projetos para o futuro?

Nosso futuro mais imediato agora é conhecer nosso próprio país um pouco mais, aproveitar um pouco de verão, já que estamos praticamente há um ano vivendo em clima de inverno. E depois que esta viagem terminar iremos tentar algumas experiências num pedacinho de terra no interior de Santa Catarina, ainda não sabemos muito bem o quê, mas algo como tentar construir a nossa casa por lá, já que o apartamento que morávamos em Florianópolis não abriga mais nossos sonhos. Ainda teremos muito trabalho pela frente quando retornamos pra casa, são muitas fotos e vídeos, relatos que queremos seguir compartilhando com as pessoas sobre esta viagem, ainda não sabemos qual formato irá ter, mas sabemos que é preciso contagiar as pessoas a realizarem seus sonhos de viagem.

Estamos prestes a entrar no Brasil novamente, a emoção é grande, tão grande que é até maior do que quando cruzamos nossa primeira fronteira, deixando o nosso país pela primeira vez. Então queremos convidar todos a nos acompanhar pelo Blog e pela nossa página no Facebook, e se sua cidade estiver perto de nosso caminho, a encontrar com a gente prum papo ou até pedalar conosco em algum trecho, e se tiver um quintal pra gente passar a noite então, maravilha!

Vamos? Acompanhe o convite deles no Blog e no Facebook!

E se você tem alguma experiência em cicloturismo, aproveite e responda este questionário  e ajude nosso leitor Renan em seu trabalho acadêmico que busca traçar o perfil do cicloturista brasileiro!

 



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