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Postado em 26 de April por Eu Vou de Bike

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Qual a marcha ideal para a bicicleta?

O número “ideal” de marchas de uma bicicleta – e como utilizá-las – é um assunto bem polêmico e extenso. Nossa intenção neste post é dar algumas dicas para você melhorar sua performance e aproveitar melhor sua bicicleta, sem entrar profundamente na matéria. Eu mesmo pedalo uma MTB de 27 marchas, uma Speed de 20 marchas, uma Urbana de 21 marchas e comecei a montar (e me apaixonar por) uma “single speed“, ou seja, uma bike de uma marcha só. E atualmente existe a forte tendência de redução no numero das marchas, com uma coroa pequena e 10 catracas grandes nas MTBs, em especial as de competição.

Nos últimos tempos, o mercado de bicicletas assiste a uma revolução no campo das marchas de uma bike. Já temos até câmbios eletrônicos (já vistos nas ruas e competições) e até automáticos! E, paradoxalmente, atualmente surge com força total um movimento que defende bicicletas minimalistas, sem marcha nenhuma, as chamadas “fixed gears“, ou, carinhosamente, as “fixas”!


Exemplo de bicicleta “fixed gear”: sem marchas, sem freios e sem firulas

Sem entrar em defesa de nenhum grupo, nosso objetivo neste post é falar um pouco sobre como podemos fazer uso correto das marchas em nossas bicicletas, quer sejam 3, 5, 7, 10, 18 ou 21, sendo estas as mais comumente encontradas.

Para começar, a transmissão da bicicleta é constituida basicamente pela corrente, pelos câmbios (dianteiro e traseiro), pelos trocadores (e cabos e demais partes constituintes), pelas coroas e pelo cassete. São nestes últimos que vamos nos focar.

Coroa são as engrenagens dianteiras que ficam junto ao pedivela (a alavanca que sustenta o pedal).

Cassete é o conjunto de engrenagens traseiras que se situam no cubo da roda (próximo do câmbio traseiro).

Infelizmente, de maneira geral, os ciclistas tendem a não utilizar o conjunto coroa-cassete para usufruir de toda a performance e conforto que a bicicleta pode oferecer. Além disto, o uso inadequado diminui bastante a vida útil de tais componentes.

Basicamente, as marchas mais altas oferecem mais resistência na pedalada. Quando selecionamos uma marcha mais pesada do que o trecho solicita, normalmente teremos que fazer mais força e diminuir a cadência.

Recentemente, com o avanço das tecnologias, o ciclista Lance Armstrong demonstrou que girar mais lentamente do que a cadência ideal, utilizando-se mais força, gera perda de performance e, principalmente desperdício de energia.

Ao adotar o uso de uma marcha mais leve e uma cadência (cada giro completo do pedal/ pedivela) mais rápida, Armstrong superou seus concorrentes que estavam ainda “presos ao velho paradigma” de que o ideal era fazer muita força ao pedalar, com um giro menor. Além disto, ao utilizar uma marcha muito “pesada” para o trecho, o ciclista corre um grave risco de distensão muscular e lesão nas articulações, particularmente nos joelhos e nos quadris.

As marchas mais baixas, por sua vez, são indicadas para trechos de subida porque deixam o pedal mais fácil de girar, ficando mais simples girar numa cadência alta. É claro que se estivermos num trecho de descida, ao utilizarmos as marchas mais baixas não aproveitaremos a força da pedalada. A cadência mais alta do que o ideal permite fazer menos força, mas de tanto “girar”, você pode se cansar muito cedo.

Na prática, podemos observar que:

– quando a corrente estiver sobre a coroa interior (a menor), procure utilizar as catracas maiores, desde as mais internas (mais próximas do cubo), até as do meio.

– quando a corrente estiver sobre a coroa exterior (a menor), utilize as catracas menores (as mais externas, próximas ao câmbio).

– procure sempre antecipar seus percursos, ou seja, antes de iniciar uma subida, troque de marcha com antecedência. Antes de a velocidade começar a reduzir, troque para uma marcha menor (coroa menor dianteira e catraca maior traseira), aliviando a pressão das pernas.

– não antecipe demais a mudança de modo a perder seu esforço. Porém, a troca de marcha durante uma subida, além de ser perigosa (poi, devido à tensão da subida a marcha pode não entrar e ocasionar um tombo) pode danificar sua transmissão. Lógico que esta percepção ocorrerá com o tempo, a medida em que você conhecer mais seu equipamento e, principalmente, seus limites!

– nas descidas, aproveite para pedalar! Isto ajuda muito a fazer o ácido lático acumulado nos músculos circular, evitando as famosas caimbras! Troque para uma marcha mais pesada, (coroa grande e catraca pequena), e continue a manter sua velocidade!

– sempre que possível, evite o famoso “cruzamento da corrente“. Este ocorre quando temos uma angulação errada entre a coroa e o cassete (coroa maior e catraca maior ou coroa menor e catraca menor), ocasionando uma tensão lateral na corrente. Eu já vi muita corrente quebrando por causa disto…

– evite também mudar de marcha quando estiver fazendo força no pedal. O ideal é que, ao mudar de marcha, você alivie ligeiramente a pressão da perna no pedal. Isto faz com que a marcha entre de maneira mais “suave”, prolongando a vida útil do conjunto.

Vamos relembrar um pouco o conceito de cadência.

Por definição, cadência é o número de vezes por minuto que o ciclista completa uma volta no pedal (360′). A medida então é RPM, ou rotações (que o pedivela completa) por minuto.

Posto isto, o ideal é que a cadência seja costante, independente do tipo e do relevo do terreno – daí a necessidade de saber trabalhar direito com as marchas.

Para ilustrar, podemos pensar em um carro: quando aceleramos e desaceleremos muitas vezes, o consumo de combustível é mais alto; na estrada, quando a velocidade é normalmente constante, este consumo tende a diminuir.

Assim, o ciclista deve procurar uma cadência que lhe proporcione conforto e economia de energia durante o movimento, uma vez que não existe uma cadência melhor que a outra: a melhor é a que apresenta equilíbrio entre a velocidade das duas pernas e a força exercida sobre os pedais.

De um modo geral, a cadência ideal para o aquecimento (primeiros dez minutos) é de 40 a 60 RPMs. Pode-se utilizar também esta cadência quando estamos realizando um passeio ou treinos de recuperação (quando ficamos mais de um mês sem pedalar). Após o aquecimento, o ideal é mantermos a cadência entre 70 e 90 RPMs.

Existem no mercado hoje diversos aparelhos capazes de medir esta cadência, que vão desde ciclocomputadores até monitores de frequência cardíaca com funções de ciclismo. Mas, se você não quiser comprar um aparelho, basta usar um relógio e contar quantas voltas completas realizamos no pedivela durante um minuto.

Resumindo

Se estamos “girando muito” (mais de 100 RPMs) sem sair do lugar, devemos mudar para uma catraca menor (normalmente o trocador se localiza do lado direito da bicicleta) e uma coroa maior (normalmente o trocador fica do lado esquerdo da bicicleta), experimentando até sentirmos que a bike se movimenta bem, sem muito esforço (realizando cerca de 70 rotações do pedivela por minuto).

E se estamos girando pouco e fazendo muita força para pedalar, o ideal é mudarmos para uma catraca maior e uma coroa menor. Mas para o uso urbano, normalmente a coroa média com a catraca “do meio” resolve muito bem a situação!

Lembre-se de sempre manter sua corrente lubrificada e, quando notar rangidos e/ou dificuldades para cambiar, leve a bicicleta no mecânico de sua confiança.

E você? Qual a sua experiência? Aproveite para deixar aqui seus comentários!

* Por Guga Machado


Comentário

  • Muito bom o artigo! Quando se fala em mobilidade urbana a bicicleta não pode ser esquecida, adquirir esse hábito morando na Europa e detalhe, não havia marcha! HEHE Aqui no Brasil é muito mais complicado, porém, não é impossível.

    ZENSATION zensationdesign.org
  • Muito bem explicadinho!! Eu tenho uma bike de 18 machas, mas infelizmente ela fica muito pesada, acho que quebrou alguma coisa para deixar um pouco mais leve. Sou mulher e fico com muita dificuldade, principalmente em uma ladeira. Rsrsrsrs Bjs!!

    Munik Dantas novinhasdando.com
  • Olá! eu também Estou pesquisando na net mas ainda sem sucesso… preciso entender se é possível trocar o câmbio de uma urbana que é completa para o que preciso, porém, quero com câmbio pois no meu caminho tem algumas subidas e é o único percurso possível para o trabalho.Meu receio é comprar a bicileta Novello ou Blitz (que são bonitas e ainda dentro da faixa de preço que busco) e depois descobrir que não é possível trocar o câmbio. Agradeceria se puder me ajudar com algum comentário. Obrigada!!

    Daniel comotocarviolino.net
  • Ola! To andando a pouco, e quero comprar um bike barata qual comprar?

    leandro oliveira de britto wwwwwww
  • Olá meu nome é Mauricio recentemente comprei uma bike com quadro Wendy (wny) com uma relação shimano 27v aro 29 comprei ela pela internet como previsto tive Q fazer alguns ajustes pois ela veio pré montada mas até hoje não me deixou na mão.

    Mauricio
  • Qual bike pra mim que sou iniciante, e qual marca são boas e baratas

    leandro oliveira de britto leadroesportista.com
  • Conteudo Muitooo Bom e ótimo Artigo. Bastante esclarecedor obrigado !!!

    Henrique Silva sejaumsuperamantefunciona.com
  • Muito bom, tinha muitas dúvidas sobre isso no começo, e até acabei me acostumando de maneira errada cruzando a corrente, as vezes ainda me pego assim e logo me corrijo.

    https://semrumopedalando.wordpress.com/

    Cassiano https://semrumopedalando.wordpress.com
  • Comprei uma bicicleta e entrei na maior furada. Agora antes de comprar uma bicicleta nova sempre leio os artigos do euvoudebike :)

    Thiago pousadasembertioga.com
  • essa dica Qual a marcha ideal para a bicicleta? me ajudou muito obrigado.

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    yur freitas querovermais.com/emagrecimento
  • Excelente dica, nunca tive bike de marcha e tive que comprar uma para o meu filho, agora ensinar sem saber é ainda mais dificil, mas com essa ajuda… Valeu.

    http://oseupoder.com

    Rhonda oseupoder.com
  • Excelente artigo, sempre tive dúvidas em relação as marchas, me ajudou bastante.

    THayla docesdelicias.com
  • Uma correção :

    – quando a corrente estiver sobre a coroa exterior (A MAIOR), utilize as catracas menores (as mais externas, próximas ao câmbio).

    Fabrício Costa
  • Obrigado por compartilhar o seu conhecimento!!!

    :)

    como passar em concurso portaldoconcursopublico.com.br
  • Excelentes dicas, eu não sabia a importância da marcha correta!

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  • Muito bom o artigo… Dicas super importantes e que poucos tem conhecimento.

    Parabéns e obrigado por dedicar o seu tempo compartilhando este conhecimento conosco.

    Praias Paulistas https://descubraoguaruja.com.br
  • Que artigo maneiro… Ótimas dicas com relação as marchas da bicicleta e quanto este conhecimento é importante…

    Parabéns pelo artigo….

    Dicas de Viagens https://dicaseroteirosdeviagens.com.br
  • Bom dia,eu queria tirar uma dúvida.Posso usar uma pedivela de coroa única mas,mas própria para corrente grossa em uma bike de 7 velocidades?

    renan mattos
  • Eu tenho uma Bike de 18 marchas. Eu utilizo catraca nº 2 de fora para dentro entre as menores e coroa do meio, para superfícies planas, descidas e subidas, nunca altero essas marchas, assim tenho tido resultados satisfatórios. Com a mistura de prática de Pilates duas vezes por semana e um percurso de 6 km 4 vezes por semana, num tempo de 20 a 23 minutos mais alongamentos ao término tenho me sentindo bem e com os músculos bem fortalecidos.

    ANTONIO BISPO DE SOUZA
  • Eu prefiro usar a catraca menor, obrigado por compartilhar.

    Adriano Lopes https://desdobramentolotofacil.com.br
  • Estou com 50 anos e tinha um bom tempo que nao andava de bicicleta. Senti muito a diferenca entre uma normal e com marcha. Queria saber qual as duas configurações são melhores para na bicicleta com marcha, andar como se fosse uma bicicleta normal (sem marcha)? A idade chega e as dificuldades também…Obrigado!

    Tony https://radioharmoniafm.com.br
  • Ótimo conteúdo, obrigada por compartilhar!

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  • Muito bom o artigo, adora pedalar.
    http://www.mytripjournal.com/deviagempelomundo

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