Tags:bicicleta, bicicleta elétrica, bicicletas, ciclismo urbano, destaque, transporte
Eu Vou de Bike testa bicicleta elétrica
Nos último cinco dias, tive a oportunidade de testar uma bicicleta eletro-assistida. Por onde passei, a bicicleta chamou atenção, foi alvo de perguntas curiosas e algumas polêmicas.
A controvérsia sobre a bicicleta eletro-assistida começa pela nomeclatura, como apontou o leitor Ardz em um comentário aqui no site. Uns dizem que é um ciclomotor e não a consideram uma bicicleta, outros dizem que é uma bicicleta legítima, apenas com a assistência de um motor elétrico.
Deixando a polêmica de lado, neste post irei relatar a experiência de ter usado uma bicicleta eletro-assistida ao longo de quase uma semana pelas ruas de São Paulo.
O modelo utilizado no teste foi uma Java 21s, montada no Brasil pela General Wings, que utiliza uma quadro em alumínio desenvolvido e fabricado pelo designer Fábio Yoshimoto. A bicicleta tem um sistema de motorização importado com 450 W, 24 V, e que desenvolve 20 km/h, com uma autonomia de 15 a 30 kms, dependendo do uso – se misto (pedalando parte do tempo) ou totalmente elétrico. Os valores são aproximados, uma vez que fatores como peso do condutor, vento e até o percurso influenciam na autonomia da bicicleta.
Veja abaixo alguns detalhes do motor:
Durante os cinco dias de uso da bicicleta eletro-assistida, pude concluir imediatamente que ela é um ótimo meio de transporte, desde que conjugada com uma política séria de ciclovias e até com financiamento e incentivo governamental, uma vez que seus valores ainda são altos para o padrão brasileiro (cerca de R$ 2.500).
Uma outra observação é que a bicicleta elétrica pode ser uma ótima porta de entrada para a prática de esportes! O ciclismo é uma atividade física indicada a todos, pois não faz distinção de idade, sexo, estrutura ou condicionamento físicos.
Quando indicamos o ciclismo como alternativa ao sedentarismo, encontramos uma barreira inicial por parte do aspirante a atleta devido à falta de condicionamento físico, que pode até causar a desistência da atividade esportiva. Neste caso, uma bicicleta eletro-assistida pode suprir a falta de fôlego inicial, incentivando a pessoa sedentária a continuar sua jornada até que o artifício não seja mais necessário.
Durante cinco dias, utilizei a bicicleta eletro-assistida em quase 100% dos deslocamentos. Ela chamou bastante atenção por onde passou, quer seja nos parques, quer seja nas ruas, e várias pessoas me pararam para perguntar mais informações sobre a bike, o que mostra uma simpatia geral do público pela ideia de uma bicicleta assim.
Uma ressalva foi a CPTM, que administra a ciclovia da Marginal Pinheiros, que não permitiu que eu pedalasse por lá. Segundo a organização, é proibida a presença de bicicletas elétricas na ciclovia e os funcionários foram irredutíveis, mesmo após a alegação de que eu poderia retirar a bateria, deixando-a com um dos guardas. Lamentável, pois em nenhum momento está informação foi exposta da maneira adequada. Posteriormente, constatei que no artigo 3.3 do regulamento de utilização da Ciclovia da Marginal Pinheiros encontra-se esta proibição.
Durante os testes, pedalei a maior parte do tempo nas vias planas, usando a assistência do motor apenas nas subidas ou nos trechos mais longos. Utilizei o motor também nas saídas dos semáforos, porque a bicicleta é pesada e demora um pouco mais para “pegar ritmo”, o que pode causar alguns transtornos no trânsito, principalmente nas grandes cidades.
Nas subidas também é necessário pedalar, mas certamente de maneira mais suave do que nas bicicletas sem ajuda do motor. Ou seja, aquela idéia de que em uma bicicleta deste tipo não é necessário pedalar, pelo menos nesse caso, é um mito.
Nas últimas semanas, uma questão foi levantada em nosso fórum e também na comunidade Eu Vou de Bike no Facebook: será que o fato de pedalar uma bicicleta convencional mais leve (para alguém bem condicionado) não se equivaleria a pedalar uma bicicleta mais pesada com motor (que na maioria dos casos chega quase ao dobro do peso)? Sinto que no meu período de uso, mesmo que generoso, não foi suficiente para responder a esta questão.
Por fim, a bicicleta elétrica não chega para substituir o automóvel ou a motocicleta. Para substituir os carros e motos convencionais, estão chegando os carros híbridos e as motos elétricas. O Prius, carro híbrido da Toyota, por exemplo, já ultrapassou a casa de duas milhões de unidades vendidas em 2009 em todo mundo.
Arriscaria dizer que a bicicleta eletro-assistida também não substitui as bicicletas convencionais, principalmente com relação ao ciclismo esportivo e recreacional. Mas diria que ela chega para ampliar as opções de um transporte ecologicamente correto, silencioso e elegante!
E que venha a “revolução silenciosa”!
Este post faz parte de uma série de testes que o Eu Vou de Bike fez com uma bicicleta elétrica durante uma semana. Leia mais sobre o mercado das bicicletas elétricas e o que a lei brasileira diz a respeito do veículo.
– Por Guga Machado
18 Comentários Envie seu Comentário
Compartilhar Facebook Twitter